O transporte público como prioridade hoje, por Manuela d'Ávila

Leia abaixo artigo da deputada federal Manuela d'Ávila publicado no Jornal da Restinga:

Porto Alegre vem debatendo, nos últimos meses, uma solução para o transporte público da capital que certamente trará grandes avanços para os moradores de Porto Alegre e da região metropolitana. Falo sobre o metrô, que deverá ser anunciado pelo governo federal – responsável pelo investimento das obras – em agosto. Mas o metrô é uma obra para o futuro e será feito na zona norte da capital. Além disso, para ser de fato uma solução, deve estar integrado a um sistema de ônibus eficiente.

Precisamos, antes de pensarmos o futuro, agirmos no presente. Estamos fazendo nosso dever de casa? A rotina nos mostra que não. E a realidade que se apresenta todos os dias é que nosso presente – nada fácil – exige medidas urgentes. Afinal, a situação que trabalhadores enfrentam todos os dias é de falta de ônibus, horas de espera, superlotação, mudança e falta de itinerários, entre outros. Esse é o desafio do presente, um dos principais, aliás.

Parte considerável desse problema atinge em cheio aos moradores da Restinga. São mais de 120 mil moradores que pedem, há anos, mudanças no transporte público da região. Por dia, cerca de 40 mil pessoas dependem de ônibus para irem ao trabalho e à escola. E estes 40 mil moradores são vítimas diárias da falta de planejamento e de melhorias no transporte público.

Um exemplo do descaso e da falta de iniciativa é um pedido que é feito insistentemente há pelo menos 13 anos: uma lotação. Hoje, as pessoas que dependem do transporte público para sua locomoção contam apenas com ônibus. Moradores dos bairros Ponta Grossa, Hípica, Lami, Belém Novo e Lageado enfrentam, assim, diariamente, ônibus superlotados todos os dias. Para temos uma idéia: hoje, a zona sul de Porto Alegre é atendida por 130 linhas de ônibus. O extremo sul, por apenas 18 linhas. Isso para transportar, todos os dias, mais de 315 mil passageiros.

A situação se arrasta e piora com o passar dos anos. Basta irmos aos terminais de ônibus da Tinga no início da manhã e ao final de tarde. Filas e mais filas de passageiros esperando ônibus. No inverno a situação piora porque, além da espera longa, além de ter de enfrentar mais de uma hora em pé em carros lotados, os trabalhadores enfrentam, também, o frio e a chuva. Precisamos mudar essa realidade, motivos não faltam.

O sonho de mudança e melhorias é dos moradores e de todos nós, que acompanhamos de perto esse problema. É preciso atitude para mudar e romper com essa realidade. Chegamos a uma situação limite e não basta mais empenho ou boa vontade dos responsáveis. É preciso resultado. É isso que queremos, é isso que esperamos.

O presente é urgente e se não olharmos para o hoje, o amanhã continuará a reproduzir os problemas que os moradores da Tinga enfrentam todos os dias. Porto Alegre vem se preparando para grandes eventos e os investimentos que estes trarão farão de nossa capital uma cidade mais desenvolvida. Serão muitas obras que trarão grandes soluções, o que é ótimo! Mas, antes disso tudo, vamos fazer o dever de casa?

Manuela d'Ávila
Deputada Federal
(artigo publicado no Jornal da Restinga)