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Comuna de Paris faz 140 anos e é homenageada com ciclo de eventos

Uma experiência histórica e social que revela que a ordem capitalista pode sofrer profundas mudanças a partir de iniciativas e lutas protagonizadas pelos próprios trabalhadores. É com essa frase que o professor de Ciência Política da Universidade de Campinas (Unicamp) e membro da comissão nacional que criou o blog Amigos da Comuna– um dos blogs do Vermelho –, Caio Navarro Toledo, define a relevância do resgate do legado da Comuna de Paris, ocorrida entre março e maio de 1871, na França.

Uma comissão de professores e intelectuais de todo o país se organizou e desenvolveu o blog “Amigos da Comuna” para promover eventos durante todo este ano em homenagem aos 140 anos da Comuna de Paris. A insurreição deu início à primeira revolução proletária da história mundial.

Com duração de 72 dias, a Comuna foi uma revolta popular espontânea contra as medidas sociais antipopulares, a proibição das liberdades políticas e a dura repressão militar impostas pelo Governo de Defesa Nacional, formalmente republicano, instituído em 4 de setembro de 1870, logo após a derrubada do regime imperial de Napoleão III. “É o primeiro momento em que os trabalhadores aparecem na história e sofrem duras repressões das classes dominantes”, lembra Toledo.

O próximo evento acontecerá na Unesp, em Rio Preto (São Paulo), onde será exibido o documentário “La Comune – Paris 1871”, e o professor do Departamento de Ciência Política Antônio Carlos Mazzeo realizará uma palestra sobre o tema. Os encontros começaram em 18 de março e, até agora, já ocorreram 23 eventos em diversos centros universitários do país.

Segundo Toledo, a ideia é resgatar os ensinamentos de como transformar a ordem capitalista mundial e o modelo social vigente. “Esses ideais são contemporâneos e ainda presentes. A transformação por meio da luta e organização dos trabalhadores é possível. E a justiça, a liberdade e a igualdade podem e devem ser concretizadas nos dias de hoje”, reitera o cientista político.

Até agora já ocorreram eventos em 13 estados do país, que contaram com 33 mesas-redondas, 12 conferências, 4 mini-cursos, 10 sessões de filmes, 105 debatedores de orientações teórico-ideológicas diversas.

Toledo afirma que os eventos procuram lançar um olhar crítico sobre a Comuna. Para ele, o fato é motivo de reflexão permanente. “Hoje, temos um longo caminho a ser percorrido. É necessário que as esquerdas se unifiquem e levem em consideração os anseios e aspirações da sociedade”, ressalta ele. “A Comuna mostra que é possível atingirmos uma democracia plena por meio da mobilização social”, reforça.

O cientista político explica que desde a Comuna de Paris os proletários vêm sofrendo com a repressão da burguesia. “Os ideais da Comuna foram rechaçados pelas classes dominantes, reprimindo a luta dos trabalhadores”, conta Toledo. Nesse sentido, ele enfatiza a necessidade do resgate do fato histórico: “a Comuna ainda tem plena atualidade e é um marco político-ideológico relevante para a reflexão e prática de todos os socialistas”

Da Redação,
Por Fabíola Perez