O centro das paqueras

Mesmo sem exercer mandato Flávio Dino é avaliado como um bom partido para alianças e torna-se um nome visto como bons olhos até mesmo pelo PMDB de Roseana

Aline Louise
(O Imparcial)
Quando se pensa nas sucessões municipal (de São Luís) e estadual, uma grande dúvida paira entre aqueles que se dispõem a esboçar um quadro panorâmico para 2012 e 2014: o ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB). Ele será candidato? Em qual delas? Quem o apoiará e a quem ele concederá apoio?

São essas as perguntas que permeiam o meio político e deve ficar indefinido até as convenções partidárias do ano que vem, quando acontecem as eleições municipais. Até o momento, o comunista não falou abertamente sobre as intenções eleitorais. Há quem cogite uma candidatura já em 2012. Mas existe também quem aposte que Flávio prefira esperar para concorrer ao governo estadual, atuando apenas nos bastidores da campanha para a prefeitura de São Luís.

Estando de um lado ou de outro, Flávio é peça-chave para as próximas eleições e tem escondido o jogo sobre os próximos passos da carreira política que se iniciou na Câmara Federal, mas já emplacou um segundo turno nas eleições municipais de 2008 e na disputa pelo governo estadual, o ex-deputado teve como saldo 29,4% dos votos.

Se o diálogo entre os vizinhos dos palácios La Ravardière e Leões for apenas “institucional”, há duas possibilidades de apoio a Flávio, com interesses cruzados. Consultados por O Imparcial, representantes do PMDB e PSDB, partidos do governo estadual e da prefeitura municipal, respectivamente, admitem que o nome de Flávio Dino é crucial nas próximas campanhas, mas ambos preferem trabalhar um nome do partido e ter no comunista o apoio durante a eleição que interessa a cada um, com a promessa de apoio na outra disputa.
O PMDB, que nas eleições de 2010 tentou ter o ex-deputado como senador na chapa da atual governadora, continua sem grandes oposições a ter Flávio Dino como companheiro durante as eleições. Presidente do diretório estadual peemedebistas, Remi Ribeiro afirma que, caso Flávio queira realizar uma aliança para 2012 ou 2014, será um nome de peso com que o partido de Roseana Sarney contará, mas a sigla tem trabalhado alguns nomes de dentro.

“Como foi um deputado atuante e tem vivência nos tribunais, ele tem trânsito em vários meios políticos e isso lhe dá um cacife importante para ocupar cargos do Executivo”, analisou Remi, que adiantou as possíveis candidaturas de João Alberto ou Roberto Costa para as próximas eleições.

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A tese da união
O PSDB, partido do prefeito João Castelo, aposta no discurso de união das oposições ao governo do estado para fechar parceria com o comunista para 2012, mas com a promessa de apoio irrestrito em 2014. Castelo tenta a reeleição e, mesmo tendo sido rivais no segundo turno das eleições de 2008, hoje a avaliação tucana é que a aliança deve ser feita desde logo. “O que precisamos é nos preparar para 2014, que é a eleição mais importante para a oposição no estado. Por enquanto, em 2012, o nome natural é Castelo e estamos conversando para que estejamos todos nós da oposição unidos para conseguir o governo,” disse Neto Evangelista, deputado estadual tucano.

Cenários

Menina dos olhos nas eleições de 2010 devido à grande popularidade do governo Lula, o PT que foi alvo de disputa política e judicial entre PMDB e PCdoB no Maranhão conta hoje com o vice-governador do estado e quer ter um representante majoritário e trabalha com os nomes de Helena Heluy, Bira do Pindaré e José Carlos da Caixa para disputar a prefeitura de São Luís.

Cenários II

Enquanto os demais partidos decidem-se nas divergências internas para o ano que vem, o PCdoB produziu mais um coringa, transferindo o título de eleitor do deputado Rubens Pereira Junior de Matões para São Luís, o que deve aumentar o poder de barganha do partido nas negociações para o próximo ano. Rubens pode ser uma das saídas do partido caso decidam poupar o nome de Flávio para a disputa de 2014.

Comunista mantém alanque na web

A postura adotada por Flávio Dino nos discursos durante as duas campanhas é bem diferente do posicionamento veemente demonstrado nas inserções feitas nas redes sociais da web. Tanto em 2008 quanto 2010, Flávio inicia os trabalhos com uma voz conciliadora e no decorrer da campanha, torna-se mais incisivo. Já em sua página pessoal no microblog twitter, o que predomina é o tom da crítica. “Enquanto isso, na querida São Luis, mais uma greve dos ônibus castigando a cidade e os cidadãos.” diz em comentário postado no microblog
Ainda que não prefira fechar as portas para possíveis alianças, o ex-deputado procura não demonstrar afinidade com os governos estadual e municipal. De olho nas duas eleições, Flávio Dino tem duas opções ainda a ser costuradas com alianças às vésperas das convenções partidárias. “Vamos decidir o caminho do PCdoB nas eleições municipais somente em 2012. Até lá, trabalhar muito, conversar com aliados e ouvir o povo. Como as próximas eleições estão muito distantes, é importante avaliar os governos, cobrar promessas e apresentar propostas concretas.” Ressaltou.

Apesar de algumas críticas fortes disparadas via twitter, o ex-deputado rechaça a carapuça de profeta do caos e em certas ocasiões assume postura diplomática: “Nunca fui político do "quanto pior, melhor". Acredito no diálogo, no debate de propostas. O mais importante é melhorar o nosso Estado.”