O efeito Gleisi*

A nomeação da senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) causou surpresa no primeiro momento, mas logo o mundo político, a imprensa e os agentes econômicos passaram a fazer projeções do perfil e prognósticos os mais variados sobre a capacidade e o estilo da ministra recém nomeada.
Porém o mais importante, é o sentido e o resultado da nomeação da senadora pela presidenta Dilma. De imediato, o ato estancou a crise, calando as bravatas da oposição e, ao mesmo tempo, despachou Palocci para os braços do mercado, talvez definitivamente.
A nomeação também carrega um forte simbolismo: uma política relativamente jovem e mulher, confirmando a tendência de Dilma de abrir maiores espaços de poder para as mulheres.
Gleisi alia duas qualidades fundamentais para o exercício da função na Casa Civil. Ela possui capacidade de gestão e experiência política, demonstrada na curta estada no Senado. Portanto, a indicação de Dilma fortalece a operação do ministério. Tudo indica que Gleisi, ao lado de Ideli (nova ministra das Relações Institucionais), fará uma dobradinha para a costura política da base aliada, do ministério, dos governadores e dos demais setores organizados da sociedade.
No entanto, um dos efeitos políticos imediatos da assunção de Gleisi na Casa Civil – e que trará desdobramentos a médio prazo no cenário político do Paraná – foi o inédito consenso de A a Z das forças políticas do estado. Um certo sentimento de união, algo raro num estado conhecido pela autofagia de sua elite política.
Além disso, é a primeira vez que o Paraná ocupa um posto de maior relevância no núcleo de poder da República. Por tudo isso, a chegada de Gleisi Hoffmann para comandar a Casa Civil desperta as melhores esperanças nos paranaenses.
No seu discurso de despedida do Senado, Gleisi mandou um recado claro para todos: afirmou que mudava de instância mas que os compromissos estão reafirmados, agora com mais força ainda.