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Em operação histórica, Morro da Magueira é ocupado por militares

Cerca de 750 policiais militares dos batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e de Choque iniciaram na manhã deste domingo (19) a ocupação do Morro da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação faz parte da estratégia da Secretaria de Segurança Púbica do estado de instalar na comunidade a 18ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Após a ocupação, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o planejamento para a área está fechado e que a operação no local é histórica. "Fechamos o 'cinturão'. Agora vamos para outra área”, disse em entrevista coletiva. Questionado sobre qual seria o próximo local de atuação, Beltrame desconversou e disse que é uma informação interna da polícia.

A instalação deve ser finalizada entre 30 e 60 dias – após este período, os agentes do Bope deixam o complexo. "Absolutamente a polícia não sairá desse local", disse Beltrame.

Por volta das 10h40 policiais chegaram ao alto do complexo e hastearam a bandeira do Brasil e do Estado do Rio, o que marca o fim da operação. Os morros Telégrafos e Parque Candelária também foram ocupados.

A Mangueira possui uma posição estratégica. Está localizada a apenas 1 km do estádio do Maracanã, onde serão disputados jogos da Copa do Mundo de 2014, inclusive a final, e do ginásio Maracanãzinho, que será usado nas Olimpíadas de 2016. Com a instalação de uma UPP na Mangueira, as autoridades estarão fechando o cinturão de segurança na região da Grande Tijuca, zona norte da capital fluminense.

Já existem sete unidades naquela região. A primeira a ser inaugurada foi a UPP Borel, que completou um ano no início deste mês. A mais recente, a UPP São Carlos, foi instalada em maio. Com a ocupação da Mangueira pela polícia, o trajeto da zona sul até o Maracanã passa a ser feito sem que haja pelo caminho comunidades controladas por traficantes.

Operação

Segundo informações do governo estadual, a ação ocorreu sem troca de tiros ou registro de feridos. Uma varredura deve ser feita no local, mas ainda não há informações de pessoas presas. A operação é coordenada pela Secretaria de Segurança, por meio da Polícia Militar e da Polícia Civil, com apoio da Marinha, do Exército, da Força Aérea Nacional, da Polícia Federal, do Corpo de Bombeiros, da Defensoria Pública do Estado e da Prefeitura do Rio.
As forças policiais contaram com a ajuda de recursos utilizados em novembro do ano passado, durante a tomada da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, e em fevereiro deste ano, quando da ocupação do Complexo do São Carlos.

Entre os equipamentos utilizados estão 14 blindados das polícias e dos Fuzileiros Navais (como Piranhas, Lagartas Anfíbio – Clanf e M-113), além de quatro helicópteros, caminhões, motos, reboques e ônibus. O M-113 é capaz de destruir as barreiras normalmente instaladas pelos traficantes nas vias de acesso à favela para dificultar a passagem das viaturas da polícia.

Traficantes deixaram o local

O governo estadual já anunciava a ação desde o meio da semana. Em operação realizada na Mangueira no dia 19 de maio, o Bope e mais quatro batalhões da PM encontraram na comunidade um túnel de 200 metros usado por traficantes para transportar drogas e armas sem serem vistos e também como possível rota de fuga.

Acredita-se que o traficante que comandava o narcotráfico na comunidade já não esteja mais lá. Alexander Mendes da Silva, conhecido como “Polegar”, é foragido da Justiça. O Disque-Denúncia oferece R$ 2 mil para quem der informações que levem até o traficante.

Outro criminoso que também já deve ter deixado a comunidade é Fabiano Atanázio da Silva, conhecido como “FB”. Ele era um dos chefes do tráfico na Vila Cruzeiro, mas conseguiu escapar do cerco armado em novembro último e refugiou-se na Mangueira. O Disque-Denúncia elevou de R$ 5 mil para R$ 10 mil a recompensa por informações sobre o paradeiro de FB.

UPPs

Das 17 UPPs instaladas no Rio de Janeiro, quatro estão na zona sul (Dona Marta; Chapéu Mangueira / Babilônia; Tabajaras / Cabritos; Cantagalo / Pavão-Pavãozinho), três na região central (Providência; Santa Teresa; Catumbi), duas na zona oeste (Batam; Cidade de Deus) e oito na zona norte (Borel; Turano; Salgueiro; Formiga; Andaraí; Macacos; São João; São Carlos).

Segundo números da Secretaria de Segurança, há um total superior a 3.100 policiais empregados nas unidades de pacificação. Ainda de acordo com dados oficiais, a população beneficiada diretamente pelas UPPs é de aproximadamente 270 mil pessoas. Se considerada a população beneficiada indiretamente, estima-se que as UPPs atingem mais de 1 milhão de habitantes.

Fonte: Uol Notícias