Frente hondurenha realiza assembleia: “Da resistência ao poder”
Realizou-se neste domingo (26) em Tegucigalpa a Assembleia Nacional Extraordinária da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), de Honduras. A reunião contou com a presença do ex-presidente Manuel Zelaya, derrubado pelo golpe militar ocorrido há dois anos, em 28 de junho de 2009. Com a palavra de ordem “Da Resistência ao Poder”, a FNRP se prepara para conquistar o poder usurpado pelos golpistas.
Publicado 25/06/2011 21:15
Manuel Zelaya definiu o caráter da frente: "É revolucionária e antioligárquica". O presidente legítimo, confiante nas grandes possibilidades de luta pela democracia no país, disse que seu retorno "é um compromisso de que nunca mais ocorram golpes". Zelaya denunciou a extrema pobreza do país e pregou a justiça social. Disse que a solidariedade latino-americana foi fundamental na luta contra os golpistas. Defendeu a unidade democrática e popular e orientou seus correligionários a transformarem a FNRP numa "frente ampla". O presidente legítimo de Honduras demonstrou amadurecimento político defendendo que o povo avance para o socialismo.
A assembleia da FNRP aprovou a luta pela convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte e decidiu encaminhar ao governo projeto nesse sentido. Os frentistas consideram que esse é um passo essencial para "refundar Honduras".
A dirigente brasileira do movimento pela paz, Socorro Gomes, participou do evento e manteve encontro com dirigentes da FNRP e Manuel Zelaya. Falando aos convencionais, a presidente do Cebrapaz transmitiu, sob calorosos aplausos, “o abraço fraternal e a solidariedade de todo o povo brasileiro”.
“Fazemos neste momento nossa homenagem a todos os mártires, caídos nos quase dois anos de resistência ao golpe militar e ao regime que lhe dá continuidade”. Socorro se manifestou também em solidariedade com os camponeses que estão em luta por suas terras e a “todos os companheiros que se encontram presos”.
Dirigindo-se a Zelaya, Socorro afirmou: “Estimado companheiro, presidente legítimo de todos os hondurenhos, receba do Brasil um forte abraço, e nossa confiança em sua capacidade de conduzir esta organização, a FNRP, que é sem sombra de dúvida a mais importante construção política da história recente de Honduras”. Socorro Gomes considerou como acontecimento de grande significado para toda a América Latina o retorno de Manuel Zelaya ao país.
A dirigente do movimento pela paz informou aos presentes na Assembleia da FNRP sobre o desenvolvimento da campanha “América Latina e Caribe uma região de Paz – Fora Bases Militares Estrangeiras”, promovida pelo Conselho Mundial da Paz em parceria com mais de uma centena de organizações sociais e populares latino-americanas, todas solidárias com o povo hondurenho.
Socorro pediu a libertação de todos os presos políticos, o retorno dos exilados, o fim da criminalização dos movimentos sociais e o fechamento de todas as bases militares estrangeiras.
Lembrando o golpe militar de 2009, Socorro disse que foi “uma demonstração da ingerência do imperialismo estadunidense em países da América Latina”. Ela reiterou a denúncia de que o golpe em Honduras foi organizado com o apoio logístico da base de Palmerola utilizada pelos EUA. “Do golpe até hoje, o governo continuista permitiu em troca de apoio a concessão de duas novas bases militares para serem utilizadas por forças militares dos EUA. Repudiamos estas ações”, enfatizou.
A dirigente brasileira fez votos de que a FNRP reforce ainda mais sua unidade e se declarou convicta de que a frente se tornará uma organização política e social capaz de “abrir caminho para refundar Honduras e construir uma nova página na historia deste heróico povo”.
Da Redação, com informações do Cebrapaz