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América Central: 8% do PIB se perdem com custos da violência

Estudo recente do Banco Mundial aponta um outro problema preocupante: cerca de 9% da riqueza provém da atividade do narcotráfico

O Banco Mundial calcula que a América Central perde 8% de seu PIB em razão dos custos ligados à violência. Diz também que 5% da riqueza da região já provêm, de uma maneira ou de outra, do traslado de 90% da cocaína que chega aos EUA. Para a DEA, a agência antidrogas norte-americana, o negócio da droga e a ofensiva dos cartéis mexicanos para controlar rotas de tráfico solapam a estabilidade política e jurídica dos países recordistas em cifras de homicídio da América Latina, como Guatemala, Honduras e El Salvador.

Esse quadro foi o ponto de partida da conferência de segurança do Sistema de Integração Centro-Americano (SICA) que aconteceu na Guatemala. Participaram presidentes da América Central, Colômbia e México, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a chanceler espanhola, Trinidad Jiménez.

Cobrança e apoio

Para o país anfitrião, o ponto-chave é cobrar dos maiores consumidores de drogas – EUA e União Europeia – recursos para uma estratégia regional conjunta de combate às drogas, espécie de “Plano Colômbia” (pelo qual os EUA subjugaram a Colômbia) mais amplo, transnacional, com foco em prevenção e melhora institucional, em especial da Justiça.

Estima-se que o plano custe de US$ 900 milhões (R$ 1,4 bilhão) a US$ 1,2 bilhão (R$ 1,9 bilhão) no período de três anos para ser executado.

Por meio da Iniciativa Regional de Segurança para América Central, os EUA aprovaram uma verba de US$ 260 milhões para a região.

As autoridades norte-americanas se esforçam para fugir da cobrança de contenção do consumo no maior mercado de drogas do mundo. O argumento é de que o debate mais importante, agora, diz respeito à efetividade das políticas.

O número 2 do Departamento de Estado para a América Latina, Arturo Valenzuela, também procura reduzir expectativas e, já antes da reunião, anunciava que ela serviria para que Hillary anunciasse um “rearranjo” de prioridades para a verba já aprovada.

No estudo “Crime e violência na América Central: o desafio do desenvolvimento”, lançado neste ano, o Banco Mundial estimou tanto as perdas da região com a violência como o ganho potencial para a economia em caso de redução do problema.

Queda de 10% nos índices de criminalidade em El Salvador, por exemplo, se reverteria num acréscimo de 1% na renda per capita média do país, na simulação.

O próprio informe, que parece ajustado à política da Casa Branca, reconhece a alta complexidade que o problema apresenta em países nos quais a Justiça e o sistema carcerários são vulneráveis e onde há uma herança macabra das guerras civis encerradas nos anos 1980 e 1990: uma enorme quantidade de armas em circulação.

Com agências