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Comerciários pautam cesta básica para empregado de supermercado

A data-base dos comerciários é 1º de setembro. Em mobilização da campanha salarial 2011, que já começou, as regionais da Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo (Fecomerciários) decidiram incluir na pauta a reivindicação de cesta básica para os funcionários de supermercados. O setor cresce a cada ano, aumenta seus investimentos e não considera aumento salarial ou melhoria dos benefícios dos funcionários entre os investimentos que pretende realizar em 2011.

Segundo o presidente da Fecomerciários, Luiz Carlos Motta, o objetivo da categoria é “avançar nas cláusulas sociais”. Motta explica que cinco das oito regionais da federação já se reuniram e as outras três realizarão suas reuniões ainda na primeira quinzena de julho.

Após as regionais, a Fecomerciários realizará a sua assembléia estadual, prevista para ocorrer na segunda quinzena de julho, em que será definida a pauta estadual da campanha salarial 2011.
A proposta de incluir a cesta básica nas reivindicações veio das reuniões regionais, indicando que se trata de uma necessidade que afeta o dia-a-dia desses funcionários.

Considerando os ganhos do setor, a reivindicação, se atendida, não tende a causar grandes prejuízos. Afinal, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em abril deste ano, por exemplo, as vendas do setor supermercadista em valores reais, ou seja, deflacionadas pelo IPCA/IBGE, apresentaram crescimento de 7,17% na comparação com o mês imediatamente anterior e crescimento de 13,60% em relação ao mesmo mês do ano de 2010. No quadrimestre, as vendas acumularam crescimento de 5,50%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme a tabela abaixo.

Em valores nominais, as vendas do setor apresentaram crescimento de 8,00% em relação ao mês anterior e, quando comparadas a abril do ano anterior, registraram aumento de 21,00%. No acumulado do quadrimestre, as vendas cresceram 12,08% em termos nominais.

Segundo, ainda, a Revista SuperHiper, de abril de 2011, no ano passado, o volume de vendas cresceu 6,7% em relação a 2009. As vendas reais se expandiram 7,7% no mesmo período.

Investimentos

Os supermercadistas, informa a revista, investiram em larga escala. Em 2010 concentraram esforços no crescimento orgânico de suas empresas. Ao todo, foram 73% de recursos para esse fim, cerca de R$ 2,85 bilhões. Essa quantia inclui aquisições, para as quais foram destinados 25,8% de tudo o que foi investido no ano passado. Reforma de lojas e ampliação de área de vendas consumiram 16,1% desse total. Construções abocanharam 31,3%, o correspondente a R$ 1,2 bilhão. E, pensando no futuro, 4,6% foram gastos na aquisição de terrenos.

Já para a compra de equipamentos, o setor investiu outros 5%. Para equipamentos refrigerados foram 2% do total investido. Em valores, quase R$ 78 milhões.

Para a automação de retaguarda, o valor aplicado foi quase o mesmo, 1,9%, e para as gôndolas, 1,1%. Outros investimentos consumiram 17,2% do total e aí se encaixam fins para recursos humanos, outros equipamentos como os de padaria e rotisseria, frente de caixa, climatizadores e ar condicionado, ampliação de área de venda, prevenção de perdas. Aliás, os supermercadistas alocaram 0,6% para essa finalidade, quantia baixa para um índice de perdas que, apesar de menor que o de 2009, no ano passado foi de 1,6% sobre o faturamento.

Em 2011, o crescimento orgânico estará novamente no foco dos donos de supermercados: 51,9% dos R$ 3,76 bilhões a serem investidos, declarados por 282 empresas, irão para a construção de lojas; 17,3% para reforma de lojas e 14,8% para aquisição de terrenos. A aquisição de lojas fica com 2%, e a aquisição de equipamentos refrigerados e gôndolas soma 3,7%. Os outros investimentos citados somam 10,3% e abrangem automação de frente de caixa e retaguarda, áreas de recursos humanos e prevenção de perdas, equipamentos, climatizadores, etc.

Vale lembrar que nesse montante declarado de R$ 3,76 bilhões não estão incluídos os valores a serem investidos por algumas gigantes do setor. Elas não os especificaram, mas historicamente investem na casa dos bilhões.

Ausência reveladora

Os dados fornecidos pela revista dos supermercadistas são reveladores justamente pelo que não informam: quanto será destinado para a melhoria dos salários e aumento dos direitos e benefícios dos funcionários? A porcentagem destinada aos recursos humanos, diluída entre pelo menos outros 5 itens, certamente inclui a contratação de novos funcionários para dar conta do crescimento do setor. Melhoria de benefícios e salários sequer aparecem na lista dos investimentos.

A mobilização dos comerciários por cestas básicas pauta uma questão importante para os trabalhadores, mas para que seja atendida, exigirá muita pressão sobre os lucrativos proprietários das grandes redes de supermercados.

Da redação, Luana Bonone, com informações da Abras