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Demissões no News of the World causam protestos

A secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas do Reino Unido, Michelle Stanistreet, disse que a decisão "é ultrajante e ilustra bem o tipo de consideração que o império de [Rupert] Murdoch [megaempresário australiano do ramo de comunicações no Reino Unido] tem pelos empregados leais". O News of the World está em circulação há mais de 150 anos e terá a última edição publicada no próximo domingo (10).

Os subeditores do jornal The Sun, que também pertence ao conglomerado de Murdoch, protestaram em solidariedade aos colegas demitidos.

O jornal, fechado devido às denúncias de uso de grampos telefônicos, não terá anúncios na impressão final e a renda das vendas será doada para a caridade.

O editor do News of the World no período de 2003 a 2007, Andy Coulson, foi convocado a se apresentar a uma delegacia no centro de Londres nesta sexta-feira. Ele será questionado por suspeita de envolvimento direto no grampeamento dos telefones.

O jornalista deverá ser preso e liberado sob pagamento de fiança. Coulson foi diretor de comunicação no governo do primeiro ministro britânico David Cameron e renunciou no começo do ano por causa das mesmas denúncias.

Repercussão

O fechamento do jornal mais popular do Reino Unido foi considerado pela mídia local como uma atitude drástica. Mas a reação não foi totalmente inesperada, por se tratar de uma propriedade do polêmico magnata Murdoch.

Durante toda a semana, especulava-se sobre a possibilidade de o milionário demitir a ex-editora do News of the World e atual chefe da News International, Rebekah Brooks. A demissão chegou a ser sugerida pelo líder do Partido Trabalhista no parlamento britânico, Ed Miliband.

Rebekah, que alega não ter conhecimento do esquema de grampos realizados enquanto era editora do jornal, é conhecida por ter uma relação muito próxima com Murdoch, como se fosse uma filha. Mas os jornais ingleses afirmavam que o empresário tomaria qualquer medida para salvar os negócios.

A executiva se manteve no cargo. Horas antes do anúncio de que o News of the World seria tirado de circulação, analistas de mídia e de negócios previam consequências graves para outros produtos da News Corporation, como os diários New York Post, The Times, The Wall Street Journal e o grupo televisivo FOX.

A credibilidade abalada poderia se alastrar no meio e afastar anunciantes dos outros veículos. A decisão de fechar o jornal pode ter evitado esse efeito por enquanto, mas não chegou a conter a revolta da opinião pública sobre o escândalo.

As vítimas dos grampos cobram que os casos sejam investigados até o fim, para que os culpados sejam punidos. E Milliband lembrou que o simples fechamento do periódico não resolverá o problema.

Fonte: Opera Mundi