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Jornais de Murdoch vigiaram premiê e parentes das vítimas do 11/9

Um dia depois do fechamento do tabloide sensacionalista The News of the World, o grupo editorial de Rupert Murdoch está ás voltas com novas denúncias de práticas jornalísticas ilegais. De acordo com a emissora britânica BBC, o jornal The Sunday Times tentou espionar Gordon Brown quando ele era primeiro-ministro do Reino Unido.

Uma investigação da rede pública assinala que o jornal do grupo News International tentou obter informação pessoal de Brown, como documentos e um histórico de suas ligações telefônicas, na busca de seus dados financeiros. Jornalistas do The Sunday Times tentaram acessar as mensagens de voz, conta bancária e histórico médico da família de Brown.

Ainda se investiga se a informação que Brown tenha comprado uma propriedade de Robert Maxwell — que foi publicada em primeira página — foi obtida depois que um funcionário do The Sunday Times conseguisse em 2000 detalhes bancários do ex-primeiro-ministro do Reino Unido. As novas revelações se produzem em plena crise pelas escutas telefônicas de outro dominical do grupo Murdoch, The News of the World, que foi fechado no domingo após o escândalo que ameaça atingir o governo britânico.

As escutas dessa publicação foram realizadas em grande parte pelo detetive Glenn Mulcaire, que, segundo o jornal The Guardian, teve como alvo o príncipe Charles da Inglaterra e sua esposa Camilla. De acordo com The Guardian, o tabloide tentou espionar dez membros da Família Real britânica. Em 2007, o jornal teria pago um agente da segurança da Família Real para obter os telefones de contato de membros da monarquia e de seus amigos.

O escândalo do News of the World explodiu em 2006, quando anunciaram que alguns jornalistas recorriam supostamente a grampos para interceptar comunicações de famosos, com mensagens em caixas do correio de voz de telefones celulares. Foram grampeados, por exemplo, os telefones da atriz Sienna Miller, do ex-vice-primeiro-ministro John Prescott e do príncipe William.

Na sexta-feira passada, o caso adquiriu novas dimensões com a detenção do ex-diretor do News of the World Andy Coulson, ex-porta-voz do primeiro-ministro. Ele fora posto em liberdade pagando uma fiança após depor em uma delegacia de Londres.

Agora, descobriu-se também que jornalistas do News of the World tentaram grampear ilegalmente os telefones de familiares das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York, nos Estados Unidos. A informação foi dada por um policial ao jornal Daily Mail.

O oficial — que não foi identificado e hoje trabalha como investigador particular — disse ao jornal que recebeu uma ligação de um grupo de jornalistas do tabloide pedindo a ele que grampeasse os telefones de algumas famílias das vítimas, de preferência britânicas. Os jornalistas queriam "desesperadamente" os contatos dos parentes, relata o jornal.

Uma outra fonte disse ao Daily Mail que o investigador citado era "muito requisitado pelos jornalistas na América e recentemente me disse que foram procurado para grampear os telefones privados das vítimas do 11/9". Segundo a fonte, todos queriam saber para quais números as vítimas ligaram antes de morrer e quais ligações receberam.

Com essas informações, os jornalistas poderiam escolher quais fontes seriam grampeadas, assim como ocorreu no Reino Unido. O diário também é acusado de ter interceptado milhares de ligações telefônicas de celebridades, políticos, soldados britânicos e pessoas de interesse midiático, como crianças desaparecidas e seus familiares.

Da Redação, com agências