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Murdoch se desculpa pela imprensa por escutas ilegais

O magnata australiano Rupert Murdoch se desculpou neste sábado (16) pela polêmica das escutas ilegais em seus veículos com uma mensagem pessoal nos sete principais periódicos britânicos.

- Sang Tan / Associated Press

Como fora antecipado, na mensagem, assinada pelo proprietário do grupo News Corporation e publicada pelo braço britânico de seu império, Murdoch pede perdão pelos "danos causados às pessoas afetadas" e lamenta "não ter agido antes" para resolver o assunto.

O escândalo dos escutas ilegais do "News of the World", que era o periódico mais vendido no Reino Unido até ser fechado, há uma semana, ameaça o império midiático do magnata.

Na sexta-feira (15), renunciaram seus dois colaboradores mais próximos em ambos os lados do Atlântico: a executiva Rebekah Brooks no Reino Unido e seu número dois, Les Hilton, nos Estados Unidos.

Na próxima terça-feira (19), Murdoch terá que se apresentar a um comitê dos Comuns para esclarecer o caso.

Além disso, o FBI abriu uma investigação nos Estados Unidos pela suspeita de que alguns veículos de Murdoch tenham grampeado os telefones de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, assim como fizeram no Reino Unido.

Em sua mensagem, Rupert Murdoch assinala que "lamentamos não ter agido antes para resolver as coisas", e, já em primeira pessoa, reconhece que "me dou conta de que pedir perdão não é suficiente".

Na sexta-feira (15) Murdoch se reuniu com a família da menina assassinada Milly Dowler, cujo telefone celular foi grampeado por jornalistas do "News of the World", em um caso que causou indignação entre a opinião pública britânica e detonou a atual crise.

O anúncio do News Corporation foi publicado neste sábado nos diários "The Guardian", "Daily Mail", "Daily Telegraph", "Financial Times", "The Independent", "The Sun" e "The Times", estes dois últimos propriedade de Murdoch.

Escândalo

Há anos há denúncias e relatos de que repórteres do tabloide acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para obter informações exclusivas.

Entre outros, foram violados os telefones da atriz Sienna Miller; do ex-vice-primeiro-ministro John Prescott e do príncipe William, o que gerou um escândalo envolvendo o tabloide sensacionalista.

Nas últimas semanas, o escândalo ganhou novas proporções com denúncias de que vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque foram grampeados. Há ainda relatos de que o tabloide teria pago propina a policiais por informações.

Nesta semana, a comandante da Operação Weeting, que investiga os grampos, Sue Akers admitiu ao Parlamento que apenas 170 pessoas foram contatadas até agora de uma lista de 3.870 nomes, 5.000 telefones fixos e 4.000 celulares.

O "News of The World" pertencia ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente a Murdoch.

O tabloide era o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares. Sua última edição, com o título "Obrigado e Adeus", circulou no domingo passado (10), após decisão de Murdoch de fechar a publicação de 168 anos.

O escândalo também teve repercussão nos negócios de Murdoch. Ele se viu obrigado a retirar a oferta de adquirir a totalidade das ações do canal pago BSkyB, da qual já possui 39%.

Fonte: Folha