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Jornalista que denunciou grupo Murdoch é encontrado morto

O jornalista Sean Hoare, que denunciou o esquema de grampos ilegais do tabloide inglês News of the World, foi encontrado morto nesta segunda-feira (18), segundo o diário britânico The Guardian. Hoare foi o primeiro repórter do News of the World a admitir que o diretor da publicação, Andy Coulson, ex-chefe de comunicação do gabinete do primeiro-ministro britânico, David Cameron, estava ciente sobre a prática.

De acordo com a polícia, Hoare foi encontrado morto em sua residência em Watford, no condado de Hertfordshire, na região oeste da Inglaterra. De acordo com a Associação de Imprensa da Grã-Bretanha e com o Guardian, as causas da morte ainda não foram explicadas.

Até o momento, porém, a polícia não trabalha com a hipótese de que o caso tenha alguma relação com o escândalo. Também não considera que a morte do jornalista esteja vinculada a um suicídio ou a causas violentas.

Hoare também trabalhou no The Sun, tabloide sensacionalista que também é de propriedade da News Corp., grupo comandado pelo magnata Rupert Murdoch. O jornalista foi dispensado do semanário por conta de “problemas com álcool e drogas”, mas estava em um programa de reabilitação.

"Isso é irrelevante", disse ele, dias atrás, sobre seu histórico em entrevista ao jornal The New York Times. "Há mais por vir. Isso não vai simplesmente passar", completou.

Segundo a agência de notícias Associated Press, a polícia chegou à casa do jornalista às 10h40 (horário local), após ser notificada de que o paradeiro de Hoare era desconhecido – e já o encontrou morto. "A morte da vítima está sendo tratada como inexplicável, ainda não há suspeitos. A investigação está em andamento", disse a polícia em um comunicado.

Hoare não só confirmou que Coulson sabia do esquema dos grampos ilegais como disse que ele encorajava a equipe a grampear os telefones de celebridades e políticos britânicos. Em entrevista à BBC, ele disse que foi pessoalmente persuadido por Coulson a grampear os telefones.

Na semana passada, Hoare voltou a contar mais detalhes sobre o escândalo. Segundo ele, os repórteres do tabloide britânico tinham a liberdade de localizar as pessoas usando os celulares em troca do pagamento de propina aos policiais. Coulson nega todas as acusações do repórter. Ele chegou a ser preso na semana passada, mas foi posto em liberdade horas depois.

Luto

A notícia da morte de Sean Hoare pegou muitos jornalistas, especialmente os que estão no Reino Unido cobrindo o escândalo envolvendo o tabloide britânico, de surpresa. "São trágicas as últimas notícias de Sean Hoare, o primeiro jornalista a falar comigo quando eu comecei como secretária", postou a colunista do The Guardian Marina Hyde, no Twitter.

Matt Tempest, que trabalhou com Hoare no Sunday People, definiu o colega como "doce, charmoso e engraçado", também pelo microblog. Já David Yelland, ex-editor do The Sun, um dos jornais acusado por Hoare de adotar a "prática do grampo", disse em seu Twitter que Hoare "estava apenas tentando ser honesto, lutando contra vícios. Mas ele era um bom homem. Meu Deus".

Da Redação, com agências