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Lula lança site de seu instituto; veja o vídeo de boas-vindas

Seis meses e 14 dias após deixar a Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou um espaço na internet para conversar diretamente com os internautas. "Quase desencarnado" da cadeira presidencial, Lula disse que pretende usar a internet para trocar ideias.

"Acho que vamos ter muita coisa para comentar juntos, falar muito, falar bem e falar mal dos outros", ironiza em um vídeo publicado no http://www.icidadania.org/. Citando o escritor e amigo Ariano Suassuna, Lula se justifica: "Falar mal só tem sentido se a gente falar pelas costas, mas como eu estou falando pela internet não posso falar pelas costas. Nós vamos falar bem e mal pela frente", brincou.

No vídeo de quase quatro minutos, o ex-presidente diz que ainda não se desligou por inteiro de seu governo. "Ainda não desencarnei totalmente porque eu tenho viajado muito e em todas as viagens eu tenho que contar o que as pessoas querem saber", diz, listando em seguida os feitos de gestão.

O ex-presidente não se define como palestrante nem conferencista. "Não sou nada mais do que um contador de casos de um governo bem sucedido", resume.

Lula aproveita também para alfinetar a grande mídia. "Vocês sabem que meus amigos da imprensa continuam falando muito bem de mim. Vocês acompanharam: primeiro eles tentaram dizer que a presidente Dilma era muito diferente de mim, que era outra coisa. Depois, passaram a dizer que era a mesma coisa. Depois, disseram que não era mais a mesma coisa. Depois era fraca e depois era forte", ironiza.

Em seguida, Lula afirma que a presidente Dilma Rousseff faz parte de um projeto que começou no seu governo. "As pessoas não percebem que a presidente Dilma faz parte de um projeto do qual participam milhões de brasileiros e do qual eu faço parte. Esse projeto é vencedor não apenas porque venceu as eleições, é porque tem o que fazer neste país até 2014, até 2018 e até dois mil e não sei quanto", complementa.

Longe do Planalto, o ex-presidente conta que, a partir de agora, pretende se dedicar à integração dos países da América Latina e que quer repassar a experiência das políticas sociais brasileiras para os países da África. No entanto, ele avisa que ainda tem "muita coisa para fazer neste país".

Memorial da Democracia

O site não é a única iniciativa para manter a visibilidade do ex-presidente. Planejado inicialmente para abrigar o acervo dos dois mandatos presidenciais de Lula e contar a história do primeiro governo de esquerda no país, o memorial que o Instituto Cidadania planeja erguer nos próximos anos começa a ganhar contornos mais precisos — e ambiciosos.

Curiosamente, representantes de Lula visitaram recentemente o Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, e conversaram com o ex-presidente tucano. O objetivo foi conhecer a estrutura daquela entidade, tanto do ponto de vista da organização do acervo quanto da estrutura jurídica.

Já está praticamente acertado que o Memorial da Democracia, nome ainda provisório da instituição que abrigará o acervo de Lula, deve abranger a história dos movimentos e das lutas sociais desde a Proclamação da República, com ênfase na resistência à ditadura militar — especialmente o fim dos anos 70, quando Lula aparece na cena política do país como líder sindical dos metalúrgicos do ABC e se aproxima de FHC.

Ao receber os interlocutores de Lula, o ex-presidente tucano falou de maneira entusiasmada do sistema de organização de documentos adotado no instituto e que demorou quase cinco anos para ficar pronto. O que mais chamou a atenção dos aliados do petista foi a capacidade de produção de estudos, seminários e debates do Instituto FHC.

Em outra vertente, além desse diálogo envolvendo as duas principais referências políticas no recente processo de consolidação da democracia brasileira, já está praticamente acertado que o Memorial da Democracia não será instalado em São Bernardo do Campo, na região metropolitana da capital paulista. Contrariando as expectativas das lideranças sindicais e petistas daquela cidade, o endereço deverá ser algum edifício no centro de São Paulo, na região da Nova Luz.

Vocação

A escolha estaria ligada à vocação da região para se tornar um polo de museus e casas de cultura. Por ali já funcionam a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica de São Paulo (cujo conselho de administração é presidido por Fernando Henrique), a Pinacoteca do Estado e o Museu da Língua Portuguesa. Também está sendo erguido na região o futuro Teatro de Dança.

Nas conversas com assessores, Lula tem solicitado com insistência que o memorial dê atenção aos espaços interativos, destinados a oferecer aos visitantes a sensação de participação nos eventos históricos. O modelo mais citado é o do Museu do Futebol, realizado pela Fundação Roberto Marinho, com exposições projetadas por Daniela Thomas e Felipe Tassari. Em uma de suas salas mais concorridas, o visitante parece estar no meio de uma torcida num estádio repleto. Outra referência é o Museu da Língua Portuguesa.

A forma jurídica da futura instituição ainda está sendo analisada. Já se sabe que aceitará colaborações de empresas e pessoas, a exemplo do que acontece com o instituto de FHC, uma sociedade civil sem fins lucrativos. Segundo informações do site oficial da instituição, "as atividades ligadas ao tratamento técnico do acervo presidente Fernando Henrique Cardoso e às suas atividades têm recebido recursos captados ao amparo da Lei Rouanet".

No caso do Memorial da Democracia, Lula também gostaria de associá-lo a alguma instituição de ensino universitário, segundo amigos do ex-presidente. Estuda-se até a participação de centrais sindicais em sua estrutura.

Da Redação, com informações da Agência Estado