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Lideranças do PT não escondem mais a irritação com Nelson Jobim

A declaração pública do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que votou em José Serra (PSDB) na eleição de 2010 irritou petistas e foi interpretada nesta quarta-feira (27), tanto no PMDB quanto no PT, como mais um episódio em que ele revela seu mal-estar na relação com a presidente Dilma Rousseff. Em entrevista na terça-feira (25) ao programa Poder e Política, realizado pela Folha de S.Paulo e pelo portal UOL, Jobim disse que Dilma já sabia de sua preferência.

Por orientação de Dilma, integrantes do Planalto se esforçaram em minimizar as declarações para não alimentar a crise. Jobim, por meio da assessoria, negou que esteja descontente no governo. Ele agregou que é "muito amigo de Serra e chegou a morar com ele em Brasília". Para Jobim, "não há surpresa alguma para ninguém".

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Mas petistas dizem que o ministro está sem espaço no governo,procura uma desculpa para sua provável saída e efetivamente Para não terá vida longa no ministério. “Aparentemente, Jobim está querendo sair do governo. Mas não posso afirmar isso. Só ele pode esclarecer. Agora, é estranho ele integrar o governo Dilma e dar esse tipo de declaração”, disse o líder do PT, senador Humberto Costa.

O mais explícito era o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). No Twitter, ele disse não entender como Jobim continua no governo: "Para dar uma declaração destas Jobim deve se achar a última bolacha do pacotinho. Deve achar que não há outro ministro de Defesa possível. Se acha transpartidário", disse Vargas. "Só votou no PSDB até agora, e o Lula o nomeou ministro. Na campanha declarou sua preferência e foi mantido. Aí se sente no direito de nos expor".

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), disse "estranhar" a declaração de Jobim logo depois de o ministro ter dito, em uma homenagem a Fernando Henrique Cardoso, que hoje "os idiotas perderam a modéstia". Isso incomodou o Planalto, que procurou esfriar o caso. "Com tanta coisa para cuidar, estranho a declaração dele querendo pautar em quem votou". E finalizou: "Ele não faz de graça".

Nunca foi segredo a opção de Jobim por Serra. Mas a declaração pública incomodou o PMDB, porque ele explicitou não ter votado na chapa que incluía o vice-presidente Michel Temer, do seu partido, e sim Índio da Costa, ex-DEM. Soma-se a isso o fato de o ministro ter participado de reuniões dos senadores dissidentes do PMDB que pregam independência do governo.

Ministro de FHC e Lula, Jobim perdeu espaço na gestão Dilma e já confidenciou que não pretende ficar até 2014. A mais recente declaração do ministro coloca não só Dilma numa saia justa. Na quarta-feira, Temer disse em São Paulo que "todo mundo sabe que no PMDB houve divergências durante a campanha. A grade maioria votou na chapa Dilma/Temer, mas alguns tiveram dificuldades e foram compreendidos".

A afirmação do ministro foi ironizada por integrantes de sua própria legenda, como Eduardo Cunha (RJ). No Twitter, ele disse: "Descobriram o grande segredo da politica brasileira: Jobim votou no Serra e não na Dilma. Daqui a pouco vão descobrir que o Aécio [Neves] votou na Dilma e não no Serra".

Já o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que Jobim está no seu direito de eleitor e que uma parte do partido apoiou Serra. "Apenas lamentamos", afirmou. “O que passou, passou. Ele tinha uma amizade muito grande com o Serra, respeitamos. Agora, o nosso trabalho é convencê-lo a votar daqui a quatro anos na Dilma e no Michel.”

Da Redação, com agências