Sem categoria

Ásia pode ficar tão rica quanto Europa, aponta estudo

A Ásia pode ser tão rica quanto a Europa na metade do século, mas apenas se enfrentar importantes desafios, que vão de desigualdade e corrupção até mudança climática, afirma estudo do Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB) divulgado nesta terça-feira (2).

Mantidas as tendências atuais, a Ásia responderá por metade da produção econômica do mundo em 2050 e mais três bilhões de pessoas se juntarão à elite rica, com suas rendas equiparando-se às dos europeus, diz o relatório "Ásia 2050: Concretizando o Século Asiático".

Mas o estudo do ADB também destaca um paradoxo – o fato de que a região que cresce mais rapidamente no mundo ainda abriga quase metade das pessoas miseráveis do planeta, que ganham menos de US$ 1,25 por dia.

A marcha de décadas da Ásia rumo à prosperidade, diz o estudo, está sendo conduzida por sete economias com mais de três bilhões de habitantes – China, Índia, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Malásia.

No melhor dos cenários, o Produto Interno Bruto (PIB) conjunto da Ásia – incluindo também nações mais pobres, como Laos e Paquistão – subirá de US$ 17 trilhões em 2010 para US$ 174 trilhões em 2050, com um PIB per capita de US$ 40.800 em termos atuais.

Mas para a ascensão da Ásia ser sustentável, adverte o estudo, a região deve também reproduzir os sucessos passados de Japão, Coreia do Sul e Cingapura, países de grande desempenho, pela promoção de crescimento inclusivo e equitativo. Segundo a análise, caso se mantenham as tendências atuais, "em 2050, sua renda per capita poderia sextuplicar em termos de paridade de poder de compra, para se igualar os níveis de hoje da Europa. Haveria aproximadamente mais três bilhões de asiáticos ricos pelos padrões atuais".

"Ao quase dobrar sua parcela no PIB global, para 52%, até 2050, a Ásia recuperaria a posição de domínio econômico que teve há cerca de 300 anos, antes da revolução industrial."

Contudo, o estudo alerta que a expansão não é inevitável. "Muitos veem a ascensão da Ásia como estando no piloto automático, com a região avançando suavemente para o seu lugar de direito no destino", escreve Haruhiko Kuroda, o presidente do ADB, no prefácio do estudo. "Mas a complacência seria um erro. Embora um século asiático seja certamente plausível, ele não é pré-determinado."

O relatório afirma que as economias emergentes enfrentam o risco de ficarem aprisionadas na "armadilha da renda média", com explosões de rápido crescimento, movidas por produção centrada em exportações, sendo seguidas por períodos de estagnação ou declínio. O documento destaca outros desafios – crescente desigualdade interna e entre países, má governança e corrupção, e intensificação de competição regional por recursos naturais finitos.

No pior caso, a Ásia poderia se defrontar com uma "tempestade perfeita" de más políticas macroeconômicas, exuberância do setor financeiro sem controles, conflitos, mudança climática, desastres naturais, demografia em mutação e governança fraca.

A mudança climática é um "fator de imprevisibilidade para o desenvolvimento asiático", diz o relatório, enquanto salienta que o continente é mais atingido por tempestades, cheias e outros desastres naturais que qualquer outra região. "A mudança climática afetará todos. Com mais da metade da população mundial, a Ásia tem mais coisas em jogo do que qualquer outra região", afirma o estudo.

Fonte: O Valor Econômico