Um ano após resgate, mineiros no Chile acusam descaso do governo
Um ano depois do acidente com os 33 mineiros soterrados no Norte do Chile, os trabalhadores ainda buscam uma ocupação estável e muitos estão em tratamento de saúde. Do grupo, sete estão de licença-médica devido a transtornos do sono e depressão, enquanto cinco se tratam de alcoolismo e 14 pediram aposentadoria antecipada por se sentirem incapazes de voltar a trabalhar.
Publicado 05/08/2011 12:26
Dos 19 mineiros que pretendem continuar trabalhando, dez conseguiram apenas atividades temporárias, como taxista, pedreiro e vendedores de frutas e verduras em feiras. Outros quatro voltaram às minas, e cinco ministram palestras sobre segurança no trabalho e motivação.
Omar Reygardas é um dos palestrantes, mas disse que gostaria de retornar às minas. "Eu sou mineiro e tenho que voltar a trabalhar numa mina", disse. A expectativa dos 33 mineiros é arrecadar dinheiro com a venda de livros, filmes e minisséries inspiradas na história deles. Hollywood assinou contrato para rodar um filme no próximo ano. Paralelamente, alguns dos trabalhadores foram a 14 países e estiveram com autoridades.
No mês passado, 31 mineiros processaram o governo do Chile por negligência. Eles querem uma indenização no valor de US$ 540 mil para cada um. O Estado gastou cerca de US$ 22 milhões nas operações de resgate, e o presidente Sebastian Piñera tentou capitalizar o resgate para elevar sua popularidade.
Em 5 de agosto de 2010 um desmoronamento na Mina de San José, no Deserto de Atacama, no Norte do Chile deixou um grupo de 33 homens — 32 chilenos e um boliviano — soterrado a cerca de 700 metros de profundidade por 70 dias. Eles sobreviveram e foram considerados “heróis nacionais”.
O acidente com os 33 mineiros acendeu a luz de alerta no mundo sobre os riscos e as ameaças da profissão. Anualmente são registradas aproximadamente 12 mil mortes, de acordo com indicadores internacionais. Segundo organizações não governamentais, esses números oficiais poderão estar muito abaixo da realidade — muitas minas operam ilegalmente, e há acidentes que não são comunicados por receio de sanções ou de encerramento.
Da Redação, com informações da Agência Brasil