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Alemanha Oriental: O muro invisível continua lá

Vinte e dois anos após a demolição do muro de Berlim, que separava fisicamente a capital alemã dividida pelos aliados após a vitória sobre o nazi-fascismo, uma expressiva maioria de alemães orientais considera que continua a existir um muro, ainda que este seja "invisível".

Tal é pelo menos a conclusão de uma pesquisa realizada pela revista germânica Super Illu, no momento em que as autoridades preparam com alarde as comemorações do 50.º aniversário da construção do Muro de Berlim, que se assinala no próximo sábado, 13.

O desvelo do governo local vai ao ponto de investir na restauração e reforços de algumas secções em risco de desabamento, de modo a preservar o pouco que resta da estrutura, tornada importante atracção turística da cidade e uma espécie de troféu de guerra do revanchismo anticomunista.

Porém, se a demolição do muro e a derrota do socialismo é ostentada pela burguesia como a prova da superioridade do capitalismo e dos seus valores, contra o "odioso" regime "comunista", para o povo da antiga RDA as coisas parecem ser diferentes e as vantagens discutíveis.

É o que nos indica o referido inquérito, citado pela AFP (2 de agosto), ao apurar que 83% dos alemães orientais consideram que ainda existe um "muro invisível" entre o Oriente e o Ocidente e que apenas 15% dos inquiridos pensam o contrário.

Paralelamente, um em cada cinco alemães orientais dizem compreender as razões da edificação do muro. Assim, 20% dos entrevistados declararam que "a RDA tinha, enquanto Estado soberano, o direito de proteger suas fronteiras".

Opinião contrária é manifestada por 72%, para os quais a existência do muro "foi motivo de um enorme sofrimento e nenhum Estado tem o direito de prender seus cidadãos". E contudo, segundo os próprios dizem, os muros "invisíveis" do capitalismo continuam por lá…

Fonte: Avante!