Amazônia vai sediar 1ª indústria de bacalhau da América do Sul

Inauguração acontece nesta quinta-feira, em Maraã (município a 635 quilômetros de Manaus). Local foi escolhido por abrigar a reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e produzir 85% de todo o pirarucu do Amazonas. Outra indústria semelhante está sendo construída em Fonte Boa.

Governo do Estado inaugura no próximo dia 25 a primeira indústria de bacalhau da Amazônia. A unidade é a primeira da América do Sul e vai ser instalada em Maraã (a 635 quilômetros de Manaus), com capacidade para processar até 1,5 mil toneladas de pescado por ano. A obra é fruto de convênio entre a Secretaria de Produção Rural do Amazonas e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia. Outra unidade semelhante – feita em parceria com a Suframa – está em fase de conclusão no município de Fonte Boa (a 680 quilômetros de Manaus).

A escolha dos municípios de Maraã e Fonte Boa deve-se ao fato da região produzir 85% do pirarucu manejado do Amazonas, na reserva de desenvolvimento sustentável Mamirauá. Mas nem só Mamirauá vai abastecer as indústrias com pirarucu. As demais reservas sustentáveis do Estado também abastecerão as fábricas.

Pirarucu
O Pirarucu (Arapaima gigas) é um peixe exclusivo da Bacia Amazônica. Exuberante, pode atingir até três metros de comprimento e pesar até 250 quilos. Além da carne, grande parte do peixe é utilizado comercialmente: suas escamas são usadas como lixa de unha ou na confecção de ornamentos, e sua língua, óssea e áspera, é largamente utilizada para ralar o guaraná em bastão. Sua pele vem sendo utilizada na produção de sapatos, bolsas e vestimentas.

Bacalhau
O bacalhau não é um peixe. É um subproduto, gerado por meio do processo de beneficiamento, a salga, nos moldes do que ocorre com o bacalhau europeu. Atualmente, cinco peixes são utilizados para a transformação em bacalhau: o Gadus morhua, o Saithe, o Ling, o Zarbo e o Gadus macrocephalus. O bacalhau feito a partir do pirarucu (Arapaima gigas) gera um produto de excelente qualidade.

Geração de emprego
Pelo menos 150 empregos diretos e 5 mil indiretos devem ser gerados na região de Maraã, Fonte Boa e entorno, o equivalente a 11% e 13% da população, respectivamente.

Geração de renda
A indústria de Maraã tem capacidade para processar anualmente até 1,5 mil toneladas de pirarucu e outros peixes por ano. Já de Fonte Boa, deve beneficiar até 3 mil toneladas do produto.

Se cada tonelada de bacalhau for vendida a R$ 25 mil (o quilo a R$ 25), o faturamento das duas indústrias alcançará algo em torno de R$ 112,5 milhões, o equivalente a 2 vezes o orçamento anual das duas cidades.

Beneficiamento
Sessenta por cento do peixe processado é transformado em mantas (filé), dos quais 65% são aproveitados pelo processo de salga. As unidades de beneficiamento também estarão aptas a trabalhar com outras espécies de peixe.

O processo de salga
Na seqüência do beneficiamento, ocorre a escamagem. Após a remoção da escama remove-se manualmente da tela todas as escamas. Depois, ocorre o descabeçamento. Da cabeça, remove-se a língua utilizada como artesanato. Então, é realizada a evisceração. Do fígado, vesícula, coração e pulmão, extraem-se patês, óleos, farinhas e extratos. Em seguida, é feita a Filetagem (corte em manta). Do processo, obtêm-se dois grandes filés, que passarão pelo processo de salga, agregando alto valor através de processo igual ao do bacalhau na Europa.

Retorno social
O projeto das indústrias de salga inclui a instalação de creches para as funcionárias e pescadores que tiverem filhos, a construção de áreas de lazer e o principal: a participação no lucro do empreendimento por parte dos pescadores que fornecerem matéria-prima para a indústria.