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Jornalista independente ameaçado por forças leais ao imperialismo

Mahdi Darius Nazemroaya, juntamente com Thierry Meyssan estão desde terça-feira isolados no centro de mídia do hotel Rixos, em Tripoli, em meio do combate pesado que se verifica em torno.

Por Michel Chossudovsky, no Global Research

Pedimos aos nossos leitores para refletir sobre o que Mahdi estava tentando conseguir no centro de mídia do Rixos: uma reportagem fatual honesta, preocupada com a vida humana, em solidariedade com os homens, mulheres e crianças líbios que perderam suas vidas em raides de bombardeio sobre áreas residenciais, escolas e hospitais.

A vida de Mahdi está ameaçada por nos contar a verdade, por revelar crimes de guerra da Otan. A "construção da democracia" na Líbia, dizem-nos, exige o bombardeio extensivo de todo o país, sob o "Responsability to Protect" (R2P) da Otan.

Mas Mahdi questiona tal conceito. Ele desafia os próprios fundamentos da guerra de propaganda, a qual apoia um ato de guerra como esforço de pacificação.

Durante os últimos dias, todo o nosso tempo e energia tem sido dedicado a garantir a segurança de Mahdi, Thierry e vários outros jornalistas independentes aprisionados no Rixos Hotel.

A atmosfera dentro do centro de mídia do Rixos Hotel, em Tripoli, deve ser compreendida. As mídias corporativas, incluindo a CNN e a BBC, têm ligações diretas com a Otan, com o Conselho de Transição e com as "forças rebeldes".

Eles servem os interesses da Otan de um modo direto através da maciça distorção das mídias.

Ao mesmo tempo, aqueles no Centro de Mídia do Rixos que estão comprometidos com a verdade são o objeto de ameaças veladas. No caso de Mahdi, as ameaças foram muito explícitas. Aqueles que dizem a verdade são ameaçados.

Aqueles que mentem e aceitam o consenso da Otan terão as suas vidas protegidas. As forças especiais da Otan que operam dentro das fileiras rebeldes garantirão a sua segurança.

Neste ambiente repulsivo, romperam-se as ligações pessoais. Os jornalistas das mídias independentes, bem como aqueles de países que não pertencem ao Pacto Militar (Otan) incluindo China, Irã, e países da América Latina, são considerados "persona non grata" pelos grupos das mídias corporativas dentro do hotel.

Mahdi diz a verdade. Ele desafia diretamente as mentiras dos meios "de referência". As reportagens de Mahdi ameaçam o consenso que a mídia construiu.

O que ele está a descrever é a destruição de todo um país, das suas instituições, da sua infraestrutura. Esta matança e destruição, dizem-nos, é necessária para instaurar a "democracia", sob a bandeira colonial do rei Idris.

Mentem-nos do modo mais desprezível. As vítimas da agressão da Otan são designadas como "criminosos de guerra", ao passo que os perpetradores da guerra são saudados como "libertadores".

A mentira tornou-se a verdade e é por isso que a vida de Mahdi está ameaçada. A guerra torna-se paz, de acordo com o consenso da Otan.

A "comunidade internacional" carimbou a campanha de bombardeio da Otan dizendo que Kadafi é um ditador. Repetido ad nauseam, as pessoas finalmente aceitam o consenso. A matança é um esforço de pacificação.

Como poderia ser de outra forma? Todas as mídias, todos os noticiários, por toda a terra, gente no governo, intelectuais, todos aceitaram este consenso.

Realidades são atiradas de pernas para o ar. Pessoas já não são mais capazes de pensar. Elas aceitam o consenso porque ele emana de uma autoridade superior a qual não ousam questionar.

Isto é, de fato, a própria base de uma doutrina inquisitorial. Os suportes "humanitários" da "Responsability to Protect", contudo, superam em muito a Inquisição Espanhola.

O que estamos a tratar é de um dogma que ninguém pode questionar. Mahdi Nazemroaya desafiou este consenso ao revelar as mentiras das mídias corporativas.

Uma vez rompido o consenso da Otan, a legitimidade dos instigadores da guerra entra em colapso como um castelo de cartas. E é por isso que a vida de Mahdi Nazemroaya está ameaçada.

Isto é uma guerra do século 21. É uma guerra que afirma não ser guerra. Todos os protocolos e convenções referentes à guerra deixam de ser aplicados.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha não se encontra no terreno. Eles não têm mandato porque oficialmente isto não é uma guerra.

Esta é a mais desprezível e imoral guerra da história, na medida em que mesmo ativistas anti-guerra, políticos de esquerda e os chamados progressistas aplaudem-na. "Kadafi é o ditador, ele deve ir".

É uma blitzkrieg realizada com os mais avançados sistemas de armas. Vinte mil raides desde 31 de março, segundo estatísticas da Otan, cerca de 8 mil raides. Cada sortida inclui vários alvos, a maior parte dos quais são civis.

Comparem isto com os bombardeios da Segunda Guerra Mundial ou do Vietnã… Nossa determinação é trazer Mahdi de volta ao Canadá, garantir o seu retorno seguro.

Programa da CBC News acerca de Mahdi Nazemroaya difundido na terça-feira, 23 de agosto de 2011:
http://www.cbc.ca/video/#/Shows/1221254309/ID=2103783289

Fonte http://resistir.info/ .