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No Congresso do PT, Dilma valoriza legado do governo Lula 

 Ao participar da abertura do 4º Congresso do PT nessa sexta-feira (2), em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff reagiu sobre que recebeu uma "herança maldita" do governo do Luiz Inácio Lula da Silva. Lula lançou a presidente à reeleição em 2014, o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu novo marco regulatório para os meios de comunicação e várias lideranças se solidarizaram com José Dirceu por conta dos ataques recentes da revista Veja.

- Monique Renne/CB/D.A Press

Críticas feitas por alguns setores da imprensa de que a presidente Dilma teria recebido uma "herança maldita" do governo Lula por conta de denúncias de corrupção que atingiram ministérios foram negadas pela presidente. Para ela, o legado do governo Lula não é uma uma herança, pelo fato de ter participado dele. "Eu estou firmada sobre uma pedra muito sólida, que é a experiência de oito anos de um governo de que eu tive a honra de participar. Não é uma herança, porque eu estava lá [no governo]. Os erros e os acertos dela [da experiência] são meus erros e acertos", declarou.

Segundo Dilma, as críticas tentam invalidar conquistas do governo do PT durante os dois mandatos do presidente Lula. "Nós mudamos a lógica de crescimento do país, e este país tem a força que tem porque temos esta herança, este legado", disse. "Muitas coisas que fazemos, só foram possíveis de realizar porque temos essa experiência, dos nossos acertos e dos nossos erros. Ela é que sustenta a nossa trajetória", completou.

A presidenta da República ainda fez questão de ressaltar que não apoia a "execração pública" de pessoas suspeitas de corrupção. "Eu acredito na Justiça, e que ela não se faz com caça a bruxas, nem com colocação de pessoas à execração pública, com retirada de direitos. Principalmente, porque essas ações espetaculares acabam com a presunção de inocência".
Dilma Rousseff disse também que o grande aprendizado dela com Lula foi o da necessidade de "ouvir o coração". "Um conselho que o presidente Lula me deu é que quando as coisas estiverem difíceis, quando eu tiver de decidir, e a razão não deixar o caminho claro, que eu devo seguir o meu coração. A voz do coração é aquela que diz o que nos temos que olhar, dar valor, levar em consideração, proteger e acolher os setores mais frágeis do nosso país".

De acordo com a presidenta, a "falta de projetos" da oposição faz com que ela a critique sempre com o argumento de que não tem "traquejo político". "A oposição no Brasil, por falta de projeto, utiliza essas formas [de criticar]. Eles esquecem o fato do qual eu tenho muito orgulho, de ter, quando era muito difícil fazer política no Brasil, porque dava cadeia ou morte, eu tenho orgulho
de ter feito politica no Brasil", ressaltou.

Em um tom muito mais descontraído do que o habitual, falando de improviso, a presidenta declarou ainda que, no PT, sentia-se em casa. O ex-presidente Lula, que discursou antes de Dilma Rousseff, dirigiu-se a ela em um tom tranquilizador, dizendo que, com os partidos aliados e com o PT, não há problema que não possa ser vencido por ela. "Com os aliados e com o PT não há vulcão, tempestade e furacão que não possam ser vencidos". 

Lula valoriza aliados e lança Dilma para 2014

Em um discurso de 11 minutos, para uma plateia formada por petistas e ainda integrantes do PSB, PCdoB e PDT, Lula disse que aquele era o grupo com que Dilma poderia contar. “Na dúvida, tenha uma certeza: aqui nesse palanque, com esses companheiros, não tem maremoto, não tem vendaval, não tem furacão, vulcão que você não possa vencer. Conte conosco”, disse Lula.

Ao mencionar, olhando para a sucessora, que o Brasil tem que ser o indutor do desenvolvimento na América Latina, Lula foi direto ao ponto: “Oito meses é muito pouco para quem irá governar por oito anos esse país. Só foram 10% do tempo que você vai ter”.

Novo marco regulatório para a mídia

O presidente do PT, Rui Falcão, defendeu novo marco regulatório para os meios de comunicaçxão e criticou o papel da velha mídia no país. O petista afirmou que o "domínio midiático por alguns grupos econômicos tolhe a democracia". "O jornalismo marrom de certos veículos, que deve ser responsabilizado toda vez que falsear ou distorcer os fatos para caluniar, injuriar ou difamar", afirmou.

Ele ainda defendeu a aprovação do marco regulatório da imprensa. "O PT luta para votar e aprovar um marco regulatório capaz de democratizar a mídia no país", disse.  "A crescente parcialidade e a afronta aos fatos preocupa a todos os que lutam por meios de comunicação democráticos", afirmou. Falcão também disse que o partido é contra todo tipo de censura.


José Dirceu

Tanto Lula quanto Dilma fizeram questão de demonstrar apoio ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, assim como diversas outras lideranças do partido que se manifestaram no Congresso do PT. O início do evento, inclusive, serviu como ato de desagravo a Dirceu, por conta da invasão da sua privacidade promovida pela revista Veja.

José Dirceu afirmou que o 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT) irá propor a regulação dos meios de comunicação de massa e a "luta contra a corrupção". Ele defendeu ainda a consolidação de uma reforma política para atuar como "antídoto contra a corrupção" e disse que, na avaliação petista, uma reforma tributária deve contemplar a taxação de "grandes fortunas, herança e doação e lucros extraordinários e financeiros".

"É um congresso que vai reafirmar nossa luta pela reforma política e pela luta contra a corrupção, com reforma política e com reforma administrativa, com a melhora da eficiência da gestão pública e do controle", disse ele em entrevista à rádio PT. "Voto em lista e financiamento público são a bandeira do PT para eliminar o poder econômico, a corrupção, o caixa dois e democratizar o sistema eleitoral. A reforma política é um dos principais antídotos contra a corrupção", afirmou.

Dirceu falou ainda sobre a crise econômica: "o governo da nossa presidente passou ao largo da crise econômica, como o presidente Lula passou em 2008 e 2009. Tomou uma série de medidas para aumentar a competitividade do país, de apoio à educação, à ciência e tecnologia. Agora reduziu os juros. O Brasil está crescendo, vai crescer a uns 4% ou mais", disse.

Da redação, com agências