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Partido Comunista do Chile sofre ataque a sua sede

Uma delegação do Partido Comunista do Chile denunciou o ataque perpetrado contra a sua sede central em Santiago. O deputado Lautaro Carmona, secretário-geral do partido, explicou que as sedes do partido nas localidades de Iquique e Temuco já haviam sido atacadas antes.

- PCCh

O dirigente disse ainda que neste ataque à sede nacional, depois de quebrar os vidros da entrada, destruir a porta, agrediram pessoas, roubaram telefones celulares, um relógio e uma câmera de vigilância.

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Lautaro Carmona manifestou sua indignação diante do ocorrido: “Uma delegação do partido integrada por Juan Andrés Lagos, Juan Gajardo e por mim se dirigiu ao La Moneda para conversar com o Ministério do Interior e fazer saber do grave ocorrido durante o dia de hoje, que consistiu em uma séria e desafiante provocação contra o Partido Comunista do Chile, cujas motivações políticas são bastante obscuras, desconhecidas, e nós trabalharemos para saber exatamente quem está por trás desta provocação política", disse o dirigente.

Carmona reforçou que o ataque tem repercussões na direção do Comitê Central, visto que quatro de seus integrantes ficaram feridos (Felipe Zavala, Kemeny Meneses, Sergio Vargas e Priscila Carvajal) e foram registrar as lesões sofridas. “Esta ação está vinculada a pessoas que se poderiam associar com o lumpen ou com as piores políticas anticomunistas. Não lhes vamos conceder nenhuma característica que lhes aproxime da esquerda. Anticomunismo incubado a um metro do lumpesinato que nós jamais, sob nenhuma condição, vamos aceitar”.

Militantes dispersaram o ataque

“Esta ação ocorrida na Praça Italia em plena luz do dia, com os guardas de trânsito tomando nota no segundo em que começou a ocorrer e imediatamente se denuncia a policiais responsáveis pela segurança do metrô na Praça Baquedano. Eles responderam que já haviam sido avisados e portanto viria um pelotão para ajudar a dispersar o ataque. Depois de uma hora, só porque companheiros que escutaram a denúncia através do rádio deixaram seus postos de trabalho para dirigir-se ao Comitê Central, a sede é controlada pelos própios militantes, que obrigam os provocadores a se retirarem”, conta Carmona.

“Fizemos saber a diferentes autoridades militares e do governo e formalizamos de forma séria o ocorrido. Esperávamos disposição e interesse da parte do governo do Chile, no entanto tivemos que – e dissemos isso a ele – fazer a denúncia a um oficial de polícia que trabalha diretamente com o ministro do Interior. Eu sinto muito por isso, que seria uma ironia, se não fosse tão grave, que um policial seja a autoridade de governo que nos receba; que lhe sejam designadas outras tarefas, porque a acolhida foi no canto de uma sala, de pé. Esta é a forma concreta que fomos recebidos", lamenta o dirigente comunista.

Motivação

O secretário geral do PCCh explica que as mobilizações conduzidas em diversos movimentos, sobretudo o de juventude, por quadros comunistas, foram o alvo do ataque. "Tal como dissemos ao capitão que se apresentou no Comitê Central: não queremos pensar que há uma disposição de deixar que as coisas cheguem mais longe e logo lamentar e sujar o Partido Comunista. Não queremos pensar que isso tenha a ver com as denúncias que nós comunistas temos feito a respeito das situações sob controle dos militares; e que isso poderia ter origem na separação do general diretor dos militares anterior, e que isso incomode o ministro do Interior. Não temos até agora nenhuma explicação séria e responsável da parte do governo e o que sabemos é que este grupo de provocadores associa sua agressão ao Partido Comunista com o papel que está jogando no movimento estudiantil, no movimento sindical e no movimento de direitos humanos e, por essa via, pretende relativizar o incidente e a autoridade política – no bom sentido da palavra – que têm os militantes do partido na juventude e nesses movimentos de massas".

Indignado, Carmona diz que o Partido fará denúncias formais por escrito, diante da indisposição do governo em receber os dirigentes comunistas. "É um incidente gravíssimo que não vamos deixar passar e já que não podemos falar com as autoridades de governo, vamos pedir através de ofícios, via Câmara dos Deputados, para que se responda ao Partido Comunista o que não pôde ser mediante uma conversa direta, e espero que não responda às perguntas um policial, mas representantes indicados pelo presidente da República, de sua confiança". 

"A primera coisa que vamos fazer é protocolar ofícios ao comando da polícia militar e ao governo, com cópia a todos os nossos contatos nas comunidades e regiões ao longo do Chile: temos feito a denúncia e faremos com que todos saibam do respeito que o Partido Comunista exige, a fim de neutralizar qualquer provocação", completa o dirigente.

Por fim, o deputado comunista se dirige à mídia: "Nos chama a atenção que, neste contexto, uma pessoa que se reivindica jornalista, que não portava credencial, envolvida neste grupo, vá encontrar uma curiosa 'solidaridade' de algum meio de comunicação. Espero que a ética de qualquer veículo funcione como deve e isso significa respeito pelos que foram agredidos, em primeiro lugar. Em segundo, se houver jornalistas – como disse o própio capitão – eles têm câmeras que devem ser registradas, com as informações de quem são essas pessoas, suas identidades.  Se for o caso, moveremos também ações judiciais, mas por ora nos importam as investigações políticas”, declarou o deputado Carmona, secretário-geral do Partido Comunista do Chile.

Da Redação, Luana Bonone, com informações do Partido Comunista do Chile