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Atos e Twittaço marcam dia pela descriminalização do aborto

Educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer. É com esse lema que organizações feministas latino-americanas e caribenhas celebram, nesta quarta-feira (28), o Dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe. Para marcar a data, as organizações brasileiras promovem atos e um Twittaço com a hashtag #legalizaroaborto, entre as 19h e as 20h. Além disso, foram realizados atos em algumas cidades.

A proibição do aborto na maioria dos países da região não impede que as mulheres recorram à prática para interromper uma gravidez indesejada. De acordo com informações da Rede Feminista de Saúde, mais de quatro milhões de mulheres latino-americanas e caribenhas abortam a cada ano.

A criminalização, porém, leva muitas mulheres a procurar clínicas clandestinas para realizar o procedimento. Informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o aborto inseguro é uma das principais causas de morte materna no mundo.

Para as organizações feministas, o aborto é um problema de saúde pública. E é justamente esse um dos aspectos abordados pela Campanha 28 de setembro pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe. Além do problema de saúde pública, a Campanha ainda considera o aborto como uma questão de direitos humanos e de democracia, em que a mulher tem o direito de decidir sobre a gravidez.

Ao mesmo tempo, as organizações ligadas à Campanha também defendem o Estado laico e apontam a descriminalização do aborto como uma questão de justiça social, já que quem mais sofre com o aborto inseguro é a mulher pobre.

Alguns países da região continuam a proibir todos os tipos de aborto, inclusive o terapêutico, praticado quando a grávida corre risco de perder a vida. É o caso de Nicarágua, El Salvador, Chile e República Dominicana.

Em outros, aos poucos, a legislação avança. Desde 2007, mulheres do Distrito Federal do México podem recorrer ao aborto durante as 12 primeiras semanas de gestação. De acordo com reportagem publicada ontem (26) no Jornal Ciudadanía Express, já foram realizados mais de 65 mil abortos, de 2007 até agora, nos serviços públicos e privados da capital mexicana sem que nenhuma mulher tenha morrido.

Atividades

Para celebrar a data e reforçar a demanda pela descriminalização do aborto na América Latina e no Caribe, organizações feministas realizaram, nesta quarta-feira (28), diversas manifestações e debates.

No Brasil, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (SindRede-BH), na capital de Minas Gerais, foi palco da roda de conversa "Por que falar sobre aborto?". Já o Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE), a Frente contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto e Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), realizaram ato público na manhã desta quarta-feira (28). A manifestação foi em frente à Igreja de Santo Antônio, no Centro de Recife. Cartazes, faixas, falas públicas e distribuição de panfletos foram distribuídos no intuito de esclarecer a população sobre a importância da legalização do aborto como uma questão de democracia, um direito da mulher para uma vida digna e autônoma. Houve performance do grupo Loucas da Pedra Lilás.

Além disso, as entidades brasileiras organizam um Twittaço entre as 19h e as 20h. A hashtag #legalizaroaborto se mantém no segundo lugar dos assuntos mais comentados (TTs) desde o início da tarde desta quarta.

Chile e Argentina

No Chile, organizações em defesa dos direitos das mulheres promovem, em Santiago, uma marcha desde as 18 horas pelo Paseo Ahumada (da Alameda até a Praça das Armas). Já na Argentina, as ações começaram às 12h na Praça do Congresso. Em uma barraca armada no local, interessados participam, até as 19 horas, de oficinas sobre educação sexual, assessorias legais e aconselhamentos. Também houve mostras fotográficas e intervenções artísticas.

Desde as 18 horas, as organizações argentinas realizam um protesto pelo debate e aprovação do projeto de lei de Interrupção Voluntária da Gravidez, que foi apresentado pela Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito e conta com a assinatura de mais de 50 deputados e apoio de mais de 300 organizações sociais do país.

Da redação, com informações da Adital e da página Aborto em Debate