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Alunos chilenos fazem marcha antes de dialogar com governo

Milhares de estudantes chilenos promoveram, na manhã desta quinta (29), a 36ª marcha estudantil por um ensino público, gratuito e de qualidade. A mobilização terminou com repressão da polícia, que utilizou gás lacrmogênico contra os jovens. Nesta tarde, os estudantes tinham encontro marcado com o governo para buscar uma solução ao conflito educativo do país, após quase cinco meses de manifestações.

A marcha foi convocada pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech)  e partiu da Universidade de Santiago, na zona oeste da capital, passou pela Alameda, principal via da cidade, e seguiu em direção à Faculdade de Engenharia da Universidade do Chile.

O protesto teve adesão de trabalhadores da saúde municipalizada e foi encerrado após a atuação da polícia. Alunos relatarem terem sido agredidos pelos carabineiros. Outros denunciaram que um grupo de jovens ficou preso na Faculdade de Engenharia, enquanto os policiais lançavam água com produtos químicos no interior do prédio.

A presidente da Confech, Camila Vallejo, declarou à imprensa que o objetivo da manifestação era demonstrar a pressão do movimento estudantil chileno sobre a Lei do Orçamento, que deverá ser analisada em breve.

Os estudantes resolveram não voltar às aulas, paralisadas em alguns colégios e universidades do Chile há quase cinco meses, apesar de esta ser uma das exigências do governo para a retomada das negociações.

"O início desse diálogo não condiciona nossa forma de mobilização. A volta às aulas dependerá da vontade do governo para responder efetivamente às demandas do movimento e às determinações de cada comunidade educativa", destacou Camila Vallejo.

O protesto desta quinta foi a antessala para o diálogo entre estudantes e governo, que estava previsto para a tarde. A conversa foi possível após o governo flexibilizar, nesse final de semana, sua posição sobre algumas exigências dos estudantes, como retirar o caráter de urgência à tramitação de dois projetos de lei sobre educação enviados ao Congresso sem o aval do movimento estudantil.

O governo já havia aceitado deixar o diálogo mais transparente, elaborando atas das reuniões e fiscalizando com maior rigor as contas das universidades particulares.

De acordo com o jornal chileno La Tercera, nesta manhã, o ministro da Educação, Felipe Bulnes, esteve reunido com reitores das universidades do país para tratar sobre o retorno às atividades escolares. 

Nesta quinta-feira à tarde o primeiro encontro entre Bulnes e os principais líderes estudantis e do magistério do Chile teria como objetivo fixar a agenda e a metodologia das conversas que virão.

O porta-voz do governo, Andrés Chadwick, instou aos expoentes do movimento social chileno a deixarem de lado "rancores e desconfianças".

"Estamos muito contentes em sentar em uma mesa e conversar, dialogar, ver que metodologia temos para desenvolver o trabalho, em quais pontos temos acordos, em quais temos diferenças", assegurou o porta-voz de la Moneda.

A greve estudantil, que já dura cinco meses, conta com 89% de apoio da população, enquanto Piñera registra apenas 22% de aprovação, o menor nível de um chefe de Governo desde a redemocratização do Chile.