Aos 80, Anita Ekberg reclama da “dolce vita” do premiê italiano

Diz que não gosta de televisão, possível companheira nessa jornada solitária presa à cama, e lamentou em uma recente entrevista o fato de os noticiários só mostrarem as "pornografias do premiê, Silvio Berlusconi". Não entende como ele se mantém no poder.

Ekberg preserva com ciúme a lembrança do fotograma que a perpetuou na memória de centenas de milhares de cinéfilos e povoou os sonhos eróticos dos adolescentes de meio mundo: sua imagem em La Dolce Vita, tomando um banho na Fontana di Trevi. Sua pele leitosa contrasta com o suntuoso vestido negro que exibe generosamente seus ombros e braços. Anita contracena com Marcello Mastroianni.

Em pose altiva, consciente de sua estonteante beleza, ela não demonstra sentir o frio impiedoso da madrugada romana, que o ator relata em seu livro de memórias. Os dois recorreram à vodka para se aquecerem.

“Eu era belíssima e sabia”, confessa hoje a atriz, sem modéstia alguma, e não vacila em um julgamento adicional, cheio da mesma vaidade, no qual assegura que o filme “não é grande coisa” e só sobrevive por aquela cena.

Guarda, no entanto, uma admiração sem fronteiras por Fellini. “Era um gênio absoluto, não sei por que me escolheu para o papel”, proclama, talvez para despojar de excessos sua opinião polêmica sobre um dos filmes mais notáveis do realizador italiano.

Em 2009, quando o filme completou 50 anos, Ekberg o definiu como "a história de uma geração perdida, de uma Itália perdida, cujo rumo errático levou à atual e dramática realidade" pela qual culpa Berlusconi.

Faz um balanço da vida e não reclama, diz que amou, chorou, perdeu e ganhou, como todo mundo. Apesar da sua ascendência sueca, os romanos consideram-na um patrimônio particular e sua jovem beleza permanecerá irretocável na belíssima película de Federico Fellini.

Redação Vermelho com informações da Prensa Latina