Sem categoria

Dilma: "Nós não estamos imunes ao aprofundamento da crise"

O Brasil não está imune à nova crise econômica mundial. A afirmação foi feita hoje (5) pela presidente Dilma Rousseff durante visita a Sófia, na Bulgária, onde permanecerá durante dois dias. Ela disse também que espera que sua passagem pela Europa renda ao país novos parceiros comerciais e que espera que o continente europeu se recupere rápido, diante da crise que afeta mais diretamente os países desenvolvidos.

As declarações se referem aos alertas, dados nos últimos meses, por organismos financeiros como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial sobre a possibilidade de uma nova recessão e para "novos perigos" para a economia global.

"Nós não estamos imunes ao aprofundamento da crise, mas trabalhamos com esforço e discernimento para manter fundamentos macroeconômicos e ao mesmo tempo não comprometer as políticas de crescimento e de inclusão social, que são a principal defesa e razão do nosso sucesso", disse a presidente.

Durante seu discurso, para uma plateia de empresários brasileiros e búlgaros, Dilma falou sobre política fiscal e a possibilidade de fragmentação do bloco, assuntos que estão sendo amplamente debatidos pelas autoridades financeiras da Europa neste momento.

A presidente brasileira criticou os países que estão adotando políticas fiscais rígidas, cortando gastos públicos e elevando impostos.

Em sua avaliação, os "países desenvolvidos que não encontraram o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos necessários para retomar o crescimento encontram-se em uma encruzilhada".

Para exemplificar, citou os esforços brasileiros para manter o equilíbrio, ao atingir "um processo fiscal de consolidação, buscando sempre diminuir a nossa relação de endividamento sobre o PIB." Ao contrário dos países desenvolvidos, o Brasil regulou o sistema bancário com maior rigidez, aumentando a estabilidade, apostando em marcos regulatórios.

Outros fatores que dão sustentação ao Brasil para enfrentar esse período, listados por Dilma, é o fortalecimento do mercado doméstico, a expansão do emprego e da renda e o aumento dos investimentos sociais e em infraestrutura.

Vínculos emocionais

Em outros três pronunciamentos feitos na Bulgária, a presidente não escondeu "os vínculos emocionais de sua viagem", feita para que ela pudesse visitar a cidade natal de seu pai. Mas, afirmou que vai aproveitar a situação para melhorar as relações comerciais entre os dois países.

Atualmente, o volume de comércio entre Brasil e Bulgária equivalente a apenas 0,05% da pauta brasileira de exportações – nos três anos anteriores à crise financeira de 2008, esse número chegou a triplicar. Tanto Dilma quanto o presidente búlgaro, Georgi Parvanov, com quem se encontrou durante a manhã, disseram esperar que a visita oficial reverta a tendência de queda. Além de Parvanov, ela também esteve com o premiê Boiko Borisov.

Dilma destacou a venda de jatos da Embraer para a Bulgaria Air, neste ano, e a intenção da Marcopolo de participar de licitações para a venda de ônibus ao sistema de transporte público búlgaro. Em contrapartida, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Antônio Arraes Pereira, integrou a comitiva para conhecer o mercado de fertilizantes do país, que pode gerar negócios no Brasil.

Amanhã (6) à tarde, Dilma Rousseff será recebida em praça pública pela comunidade de Gabrovo, cidade onde seu pai, Pedro Roussev, nasceu. Pela manhã, será homenageada em almoço oferecido pelo prefeito da cidade de Gorna Oryahovitsa. No fim do dia, parte para Ancara, em viagem oficial à Turquia.

Durante a manhã desta quarta-feira, Dilma depositou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido. Ela foi condecorada com a maior honra do país, a Ordem Stara Planina, por "contribuição extraordinária às relações bilaterais entre Brasil e Bulgária". Para retribuir o gesto, conferiu ao presidente Parvanov a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Com agências e Blog do Planalto