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José Reinaldo: Antichavista busca apoio de FHC, Collor e Sarney

O pretenso líder da oposição venezuelana, Leopoldo López, que se esforça para concorrer com Hugo Chávez nas eleições presidenciais de 2012, buscou no Brasil a "solidariedade" de três ex-presidentes – Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Fernando Collor de Mello –, com os quais se reuniu nos últimos dias.

Por José Reinaldo*

A sabedoria popular diz que se mede o caráter e o valor das pessoas pelas companhias com quem anda. “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, afirma o adágio, que certamente valerá também para as relações políticas.

O pretendente à candidatura presidencial na Venezuela não tem nenhum apoio em seu país e já se encontra empenhado em obtê-lo internacionalmente. Pelas escolhas que fez no Brasil, já se nota o tipo de aliança que promoveria caso assumisse o posto maior da nação bolivariana. Não o conseguirá. Faz parte de um grupo de políticos fracassados em seu país, conotados como esquálidos pelo total isolamento em relação às massas populares.

Como lhe deram guarida e ouvidos, ele fez ouvir sua voz e saiu dizendo, após audiência nesta quinta-feira (6), que o presidente do Senado, José Sarney, "está muito atento e sabe o que está acontecendo na Venezuela".

O líder do partido direitista e pró-imperialista Voluntad Popular e ex-prefeito do município de Chacao, em Caracas, foi recebido por Collor na quarta-feira (5) e por FHC na terça-feira (4), para os quais pediu "a compreensão do que está acontecendo na Venezuela, solidariedade com nossa luta pela democracia e os direitos". As informações são da agência noticiosa AFP.

Os três ex-presidentes têm defendido em pronunciamentos públicos e artigos nos veículos de comunicação opiniões contrárias ao governo de Chávez, alinhadas com as posições golpistas da direita venezuelana, as ameaças e ações intervencionistas do imperialismo estadunidense.

Collor e Sarney opuseram-se sistematicamente à entrada da Venezuela bolivariana no Mersosul, deblaterando sobre medidas "contra os princípios democráticos". Sarney tomou as dores do megaempresário Marcel Granier, dono do canal de Televisão RCTV, cuja concessão não foi renovada pelo governo venezuelano, em 2007, estritamente dentro da legislação do país. A RCTV esteve envolvida em todas as conspirações antichavistas e semeava um ambiente de desestabilização política no país. Este canal televisivo tentou fomentar artificialmente os ingredientes para a guerra civil, que posteriormente justificasse uma “guerra humanitária” do imperialismo para depor o governo de Chávez.

O ex-presidente tentou ainda lançar uma campanha contra a suposta “corrida armamentista” em que a Venezuela estaria envolvida na América do Sul, alertando as Forças Armadas brasileiras e governos do continente a agirem em sentido oposto.

López, que não se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, grande aliado de Chávez, tentou fazer média com a presidente Dilma Rousseff, elogiando seu compromisso com a defesa dos direitos humanos.

Mas, o direitista venezuelano nada conseguirá com a presidente brasileira, que é comprometida não só com os direitos humanos, mas também com a soberania nacional, a participação popular, a integração latino-americana, a paz mundial, o multilateralismo, a construção de um mundo multipolar, o direito internacional, valores sobre os quais a oposição antichavista e seus patrões, os imperialistas estadunidenses, tripudiam. E, para desagrado do pretenso candidato oposicionista, Dilma mantém relações de alto nível com o presidente venezuelano e é sua amiga.

López está fazendo grande ruído durante seu périplo, mas sequer é candidato ainda. Ele terá que disputar prévias em fevereiro, na expectativa de se tornar o candidato da plataforma oposicionista denominada “Unidad”. Ocorre que as oposições venezuelanas esquálidas, reacionárias, direitistas, antinacionais, dispersas por sucessivas derrotas políticas e eleitorais, são um saco de gatos e nada garante que sairão unificadas para enfrentar o líder anti-imperialista, que desfruta de grande apoio popular.

A julgar pela importância que os três ex-presidentes brasileiros atribuíram ao pigmeu antichavista, pode-se antever que a campanha eleitoral de 2012 na Venezuela será uma luta de envergadura não apenas na nação bolivariana, mas na arena da geopolítica latino-americana e mesmo mundial. Estas movimentações são apenas os primeiros sinais de que grandes embates políticos estão por vir.

Seja qual for ou quais forem as candidaturas da oposição antichavista, a luta terá dois campos nitidamente definidos. Os que querem uma Venezuela democrático-popular, soberana, progressista, anti-imperialista e socialista, estarão alinhados com o líder bolivariano. Do outro lado estarão os inimigos da unidade latino-americana, regidos pela batuta do imperialismo.

*Editor do Vermelho