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Osvaldo Bertolino: Rafinha Bastos e outros mequetrefes

O Brasil vem se tornando, nos últimos anos, uma espécie de paraíso mundial da democracia. O grande responsável por mais essa realização nacional é o governo comandado pelas forças progressistas, em alianças com outros setores da sociedade.

Por Osvaldo Bertolino*

Por mais que a mídia tenta desenvolver técnicas cada vez mais avançadas e eficientes para convencer a opinião pública de que coisas que todo mundo está vendo não existem ─ ou que existem coisas que ninguém consegue ver —, o Brasil vai deixando para trás o mundo em que espertos faziam o povo de otário e ficava por isso mesmo.

Isso dificulta, e muito, todas as vezes que aparece uma história feia que a mídia quer esconder, ou quando ela decide fabricar uma história bonita, para mostrar méritos que não tem. Quase sempre a platéia não acredita na mágica. Ou, então, não mostra maior interesse no assunto. Nem nas fábulas que a propaganda midiática está lhe contando. O resultado é que o Brasil, hoje em dia, se transformou em um dos países onde é mais difícil para a mídia passar qualquer tipo de conto do vigário no público em geral.

O que a mídia não se conforma é que o povo não está disposto a ser sempre o otário em todo relacionamento que tem com a elite. Por que a mídia, por exemplo, conseguiu fazer apenas poucos otários acreditar piamente nela quando disse que a farsa grosseira do “mensalão” é um dos casos de corrupção mais bem comprovados da história brasileira? O povão, com todo o seu jogo de cintura, não se deixa enganar por uma conversa fiada dessas.

A explicação para o fenômeno pode ter sido sugerida trinta anos atrás, talvez pelo samba "Homenagem ao Malandro", de Chico Buarque de Holanda. O compositor nos conta, ali, que quis fazer uma homenagem “à nata da malandragem”; foi então à Lapa, mas perdeu a viagem, porque descobriu que “aquela tal malandragem não existe mais”. A triste verdade, diz a canção, é que o malandro, agora, “trabalha, mora lá longe e chacoalha num trem da Central”. Em compensação, esclarece o compositor, “já não é normal o que dá de malandro regular, profissional, malandro com aparato de malandro oficial”. Este aí, sim, conclui o samba: “Nunca se dá mal”.

Mas o disco pode estar virando. Os malandros profissionais da mídia vão multiplicando, em ritmo cada vez mais rápido, e com audácia cada vez maior, as histórias milagrosas para explicar todo tipo de coisa que não tem explicação. O clima, no fim, acaba ficando tragicômico. Uma das demonstrações mais recentes disso foi dada pelo mequetrefe Rafinha Bastos ─ um dos catedráticos na matéria, sem dúvida. Na sua atual carreira de “comediante”, ao advogar um crime fazendo apologia do estupro e de outras coisas bem piores ele mostrou como no Brasil ainda existe um comportamento arrogante, alimentado pela impunidade, que, como já dito, vai sendo emparedado pela realidade nacional nascente.

O repúdio ao mequetrefe deveria se estender a outros indivíduos com as mesmas práticas. Gente que pratica assédio moral sem pejo, que dirige entidades públicas como se fossem sua, que exerce o poder de forma imperial, atropelando tudo e todos. Gente que se presta a fazer trabalho sujo para constituir igrejinhas em troca de reles benesses. Gente que ignora as mais elementares regras da democracia, como fez o redator-chefe da revista CartaCapital, Sérgio Lírio, que se comporta como Armando Falcão, no episódio das falsificações do jornalista Lucas Figueiredo no episódio do suposto diário de Maurício Grabois. Todos esses têm em comum com Rafinha Bastos a arrogância, a estupidez, que, a julgar pela reação popular no caso do “comediante”, estão com os dias contados.

Fonte: Blog O Outro Lado da Notícia