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Exposição na Câmara lança novo olhar sobre arte africana

A Câmara sedia, até a próxima quinta-feira (20), a exposição Expressões Africanas, que reúne o acervo de 15 embaixadas de países africanos. A exposição, aberta na noite desta quinta-feira (13), é organizada pela Fundação Cultural Palmares, em comemoração ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. A mostra conta com 70 peças de 15 embaixadas africanas no Brasil.

Exposição na Câmara lança novo olhar sobre arte africana - Agência Câmara

O curador da exposição, professor do Instituto de Artes e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocencio, diz que “existe uma ideia de que a arte africana é uma arte primitiva. Nosso propósito é defender um outro olhar, proporcionar uma perspectiva didática e educativa com suas características e referências estéticas”, diz.

Nelson Inocencio afirma que a exposição pretende mostrar que a África não é uma referência somente para os africanos. “Divulgar a África é promover a pluralidade, a diversidade e a importância da diáspora africana, que tanto contribuiu para a formação da identidade de vários países.”

De acordo com Anhamona Brito, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a montagem da mostra no Salão Branco do Congresso Nacional foi muito oportuna. Para ela o espaço é mais que um centro de tomada de decisões, é local de passagem de representações de todos os níveis da sociedade.

“Nele, a exposição espelha nossa história, nossa cultura e a semelhança que existe entre nossos cotidianos, onde podemos ver o quanto de África está emaranhada em nossa brasilidade”, conclui.

Durante a cerimônia de lançamento, o presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira, afirmou que a exposição significa uma forma de valorização da cultura africana, uma das maiores heranças brasileiras. “Trata-se de uma troca que nos fortalece, há séculos, por meio dos valores culturais”, disse.

Paulo Cordeiro, subsecretário geral do Ministério das Relações Exteriores, alertou que o esforço tem papel ainda maior: ensinar aos visitantes a não enxergar africanos como um grupo negro, mas a distinguir as regiões e identidade de cada um dos 54 países que compõem a África. Cordeiro ressaltou ainda que cada peça exposta é uma janela para a diversidade de cada país e representa a maneira de ser de cada nascido no Brasil.

África brasileira

O Brasil tem oficialmente 51% de sua população autodeclarada afrodescendente. Mãe Neuza de Oyá é presidente da Casa Afrocultural Tenda de Oxalá, localizada em Planaltina. Em visita à exposição, reforçou a importância de se fortalecer a africanidade na identidade brasileira.

“Tudo o que desmistifica a matriz africana é válido. Precisamos fugir da imagem de uma áfrica sempre associada a diferença, a fome e a miséria e termos orgulho de nossa origem tão rica”, alerta.

Segundo Isidore Benjamin Amédé Monsi, embaixador do Benin, o Brasil é hoje um país admirado, especialmente pela África com quem tem fortes ligações, mas dessa vez o foco está no desenvolvimento.

Vitor Ortiz, secretário executivo do Ministério da Cultura (Minc), acrescentou que a exposição Expressões Africanas é uma demonstração de unidade entre esses países. “É símbolo de compromisso entre povos que têm tanto em comum. Por isso queremos acolher a África cada vez mais em nossas ações”, afirmou.

De Brasília
Com informações da Fundação Palmares