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Luiz Inácio Lula da Silva: Vinte exitosos anos de vida

Os trabalhadores brasileiros, junto com outros setores sociais e políticos, estiveram na linha de frente da luta contra a ditadura e pela redemocratização do País. O sindicalismo que emergiu nas décadas de 1970 e 1980 soube combinar as suas reivindicações específicas com a defesa dos interesses gerais da população.

Por Luiz Inácio Lula da Silva*

A liberdade sindical, por exemplo, nunca foi uma bandeira corporativa ou particularista, ela sempre vinha articulada com as outras liberdades democráticas: liberdade de opinião e manifestação, liberdade de imprensa, de organização partidária, eleições livres, parlamento livre etc. O que não podíamos era admitir, na democracia reconquistada, a permanência de restrições ao direito de organização sindical.

Seria inaceitável que coubesse ao Estado determinar a forma de organização dos trabalhadores, permitindo apenas os sindicatos por categoria e as respectivas federações e confederações, e proibindo as entidades gerais, intercategorias, capazes de congregar diversos segmentos de assalariados, ou seja, de representar o conjunto da classe trabalhadora. Sobretudo, seria inadmissível que fossem proscritas as chamadas centrais sindicais, por meio das quais esperávamos potencializar a participação do sindicalismo urbano e rural na vida brasileira. Para nós, a democracia jamais seria plena sem irrestrita liberdade sindical.

Ali se afirmou muito da autonomia organizativa e política da classe trabalhadora brasileira. Ali se consolidou a convicção de uma sociedade civil protagonista, e não apenas coadjuvante, e menos ainda simples espectadora das grandes decisões nacionais.

De início, tentou-se construir uma central sindical unificada. Posteriormente, foram sendo plasmadas as seis centrais sindicais hoje existentes. Assim, em 1991, nasceria a Força Sindical, uma das maiores organizações de trabalhadores do nosso País.

Tive o privilégio de, durante os meus oito anos na Presidência da República, manter intenso e fecundo diálogo com cada uma e com todas as centrais sindicais. Respeitei-as ativamente e fui por todas respeitado. Mais do que isto: sem abrir mão, em momento algum, de sua autonomia e independência, as centrais foram parceiras do meu governo na retomada do crescimento com geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social.

Na verdade, foram parceiras na implementação do novo modelo de desenvolvimento que levou o Brasil – dessa vez com destaque para os trabalhadores e para o povo pobre – a dar o enorme salto de qualidade que conhecemos e a ocupar um novo lugar no Mundo. A unidade das centrais foi fundamental para que o País avançasse tanto em tão pouco tempo. Sem esta unidade, não teríamos gerado quinze milhões de novos empregos formais em oito anos. Sem ela, não teríamos conseguido elevar fortemente o valor do salário mínimo e adotar uma política para valorizá-lo ainda mais no próximo período. Sem ela, e a mobilização de outros setores populares, não teríamos tirado 28 milhões de pessoas da pobreza extrema e elevado outras 39 milhões à classe média. Sem a agilidade e a lucidez política das centrais, em aliança com o governo, o Brasil não teria adotado uma estratégia antirrecessiva para enfrentar a crise internacional de 2008, garantindo o emprego e a renda dos trabalhadores. De tudo isto a Força Sindical participou com entusiasmo e criatividade, zelando pelos direitos dos assalariados e ajudando o País a inaugurar uma nova e promissora página de sua história.

Parabéns à Força Sindical pelos seus primeiros e vitoriosos vinte anos de vida. Que o seu futuro seja ainda mais exitoso na defesa dos assalariados e das mulheres e homens do nosso querido Brasil.

*Este texto de Luiz Inácio Lula da Silva está no prefácio do livro "A História da Força Sindical – 20 anos de luta (Geração Editorial, 144 páginas)