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Chile: 300 mil participam de manifestação. Repressão aumenta

Mais de 300 mil pessoas participaram na quarta-feira (19) das 48 horas de protestos no Chile, por uma educação pública, gratuita e de qualidade, segundo dados da Confederação de Estudantes do Chile (Confech). O governo, no entanto, aumentou a repressão ao movimento: mais de 300 estudantes foram presos nos dois dias de manifestações. A marcha foi a 109ª realizada desde maio, quando tiveram início os protestos. Desde então, 1,7 mil jovens foram presos.

estudantes chile - efe

A presidente da Confech, Camila Vallejo, ressaltou que “a luta que está sendo travada não é fácil. O governo fechou a porta, não quer escutar, não é capaz de ver a situação que vive o Chile: um momento histórico para fazer mudanças estruturais na educação”. Ela acrescentou ainda que esta, “talvez, não seja uma luta deste ano, mas que terá que continuar, pela qual se terá que trabalhar em sua articulação socialmente”.

Pontuou também que o governo tem que ser capaz de se abrir às demandas e recomendações dos organismos internacionais que apóiam maiores investimentos na educação, incluindo “a possibilidade de que venha um relator das Nações Unidas”. Camila destacou ainda que o governo deve saber que o problema não são os estudantes, “mas eles (as autoridades) e suas durezas”.

Solução

O governo de Piñera prometeu fazer um “esforço maior” na busca de uma solução para a demanda dos estudantes, no entanto, não houve avanços no diálogo com o movimento estudantil. Frente à quebra das negociações, o governo optou por endurecer seu discurso, prometendo aplicar a Lei de Segurança contra os estudantes.

O líder do Partido Renovação Nacional (RN), senador Carlos Larraín, depois de uma reunião com Piñera e senadores governistas, ressaltou que “a gratuidade total não é possível”. Representantes empresariais, no entanto, pediram, na terça (18), que as autoridades empreendam uma reforma tributária que contribua com melhoras sociais.

O ministro da Secretaria de Governo, Andrés Chadwick, admitiu, na quarta-feira (19), que “pode buscar fórmulas para garantir que até 60% dos estudantes chilenos tenham bolsas e crédito educativo”. Este é o piso exigido por alunos e reitores. Antes, o governo dizia que 40% era o limite.

Hoje, jovens e suas famílias devem desembolsar milhares de dólares anuais para pagar os custos de estudar em universidades públicas, devido a uma reforma realizada durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990). Como a metade dos lares chilenos vive com menos de 900 dólares mensais, as famílias se endividam com os bancos em prazos de até 20 anos.

Da redação do Vermelho, Vanessa Silva
com agências, La Jornada e Folha de S. Paulo