Neuri Alves: A ressaca dos oportunistas

Poucas vezes em Brasília tanto na Câmara dos deputados como Senado foi possível ver materializado o que podemos chamar de convicções, facilmente traduzidas em: “Sei o que faço aqui… porque faço isso; e assumo a responsabilidade na defesa do ministério.”

Por Neuri Alves*

Orlando Silva deu um banho de iniciativa, honestidade, clareza, convicção, e de quebra desarmou o oportunismo político da oposição, esvaziou o discurso dos desesperados. Como num xeque-mate silenciou os papagaios da mídia marrom multiplicada no país de vagas idéias, de cidadãos adormecidos no profundo inconsciente coletivo reprodutivista das velhas falcatruas e maracutaias, praticadas pelos iguais. Muitos dos quais buscam sublimar o desespero de suas próprias contradições ideológicas nas tão ensaiadas e desconexas marchas contra a corrupção, abrindo um enorme abismo entre a realidade dos fatos e seus interesses pragmáticos.

Esta espécie de fissura em que o social se precipita na sociedade contemporânea empurrados pelos meios de comunicação de massa inverte a lógica dos processos. A lógica que impera não é mais a da troca de valor, e sim a do “abandono de posições de valor e de sentido”, segundo o filósofo francês Jean Baudrillard. E o pior: as massas resistem, inclusive, ao imperativo da comunicação racional, clamando somente pelo espetáculo, pelo canibalismo atrativo mediático como se nenhuma força pudesse convertê-las à seriedade dos conteúdos, nem mesmo à seriedade do código de realidade. (1985, p.58 – A sombra das Maiorias Solitárias).

De modo que tratar desta realidade simulada pela mídia, não seria mais o contágio do espetáculo que altera a realidade, mas, sim, o contágio do virtual que apaga a realidade, acusando inocentes e inocentando os bandidos, caso explícito e desesperado do acusador de Orlando Silva. Nesse sentido, o cidadão deixa de ser espectador alienado e passivo, tornando-se figurantes interativos. Gentis figurantes mumificados desse imenso reality show do cinismo político ideológico de aparelhos como a Globo, Vejas, Folha de São Paulo entre outros. Característica assumida destes veículos de comunicação no Brasil, de funcionarem como sede de forças políticas retrógadas da velha direita. Não se trata mais da lógica espetacular da alienação, mas da lógica espectral da desencarnação do individuo por estes órgãos de imprensa.

Contempla-se a miséria da opinião própria em dias de factóides do oportunismo dos textos pagos, que é absorvido pela fiel inconsciência dos empobrecidos da realidade, que sedentos pelos coquetéis silábicos da mentira se desnudam diante de todos nós. É como um monstro segmentado pela limitação que os impede de IR atrás da verdade e VER além do que se reproduz nos inúmeros veículos de imprensa por todo país. Como espelhos envelhecidos pelos mesmos reflexos, e que se reproduzem nas páginas de jornais locais em colunas reprodutivistas dos VIAL, dos PerroniS, testemunhas vivas da miséria de jornalismo impresso que temos por aqui.

Podemos erguer a bandeira de nossas verdades, o escudo ético de nossa história de 90 anos, para fazer sombra aos envergonhados das contradições silábicas, dos papagaios adestrados de nossa imprensa escrita, dos maratonistas de chavões sem compromisso com a verdade, dos remunerados de frases prontas. Pois mais cedo ou mais tarde até as folhas de jornais terão vergonha e repulsa pelas asneiras que eles produzem. Quem sabe o destino dos mesmos não seja viver da ressaca dos oportunistas, abandonados no vicio das falácias, enquanto o PCdoB permanecerá maior que a miséria terna e eterna de vós chauvinistas de plantão.

* Neuri Alves é vice-presidente PCdoB de Chapecó