Jô Moraes: "Só defende a saída dele quem busca desestabilização"
Com o título “Só defende a saída dele quem busca criar uma situação de desestabilização”, o jornal O Tempo desta segunda-feira (24) circula com uma entrevista da deputada federal e presidente do PCdoB em Minas Gerais, Jô Moraes, onde analisa o trabalho do ministro Orlando Silva à frente do Ministério dos Esportes e a tentativa não só de tirá-lo da pasta quanto de fazer o mesmo com o PCdoB, seu partido.
Publicado 24/10/2011 16:05 | Editado 04/03/2020 16:49
O Tempo: “Como a senhora avalia o trabalho do PCdoB à frente do ministério do Esporte?
Jô Moraes: O PCdoB chegou aos oito anos de direção afirmando uma nova política esportiva. Uma nova política que compreendia a ideia de que o esporte é uma estruturação da condição humana, de que o futebol expressa uma identidade nacional, e que mereceria uma abordagem mais ampla na construção de políticas públicas que respondessem a esse alcance que o esporte tem na sociedade brasileira. No Ministério do Esporte, nós alcançamos algumas vitórias importantes. Simbolicamente, a conquista da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos representam esse patamar.
O Tempo: O ministro Orlando Silva pode ser vítima do “fogo amigo” de outros partidos interessados em controlar o ministério do Esporte?
JM: Eu diria que há uma convicção em setores privilegiados das elites brasileiras de não aceitarem – e isso surge em blogs – a participação do PCdoB no poder, porque ele é pequeno. Alguns dizem que estarmos no Ministério do Esporte, na presidência da Embratur e na presidência da Agência Nacional do Petróleo não é compatível com o tamanho da nossa bancada. Mas o PCdoB não é apenas a sua dimensão eleitoral, das suas bancadas de deputados, vereadores e prefeitos. Nós somos a juventude organizada, o movimento comunitário organizado e o movimento sindical organizado. O tamanho do PCdoB tem que ser relacionado com sua opção política.
O Tempo: As denúncias contra Orlando Silva são todas infundadas?
JM: Por uma excelente coincidência, tivemos a oportunidade de ver quebrado o segredo de Justiça da famosa Operação Shaolin, que a polícia civil realizou contra o cidadão João Dias Ferreira, o denunciante. E, no inquérito, no processo que foi aberto contra esse cidadão e a ONG dele, foi feita uma minuciosa investigação, inclusive das empresas que foram parceiras no convênio. Nada foi encontrado relacionado ao ministro Orlando Silva ou ao PCdoB. Mas nós não vimos a imprensa repercutir essa abertura do segredo de Justiça.
O Tempo: Caso o ministro Orlando Silva caia, o PCdoB pretende continuar com o Ministério do Esporte? Já há nomes para um eventual substituto?
JM: A retirada do ministro Orlando, que tem uma integração completa com a presidente e com o setor esportivo brasileiro, se ocorrer, será um componente de desestabilização da condução da Copa. Só defende a saída dele quem busca criar uma situação de desestabilização. Mas nós não discutimos a sucessão, porque acreditamos que a verdade vai prevalecer. O ministro é um homem honrado, que não tem qualquer coisa a ver com essa ridícula denúncia de receber dinheiro na garagem.
O Tempo: Toda essa situação pode comprometer o desempenho eleitoral do PCdoB no ano que vem?
JM: Circulou em alguns blogs uma possível reestruturação do projeto eleitoral do PCdoB, fruto do impacto dessa crise. Mas nós estamos reafirmando o projeto nacional do PCdoB. Essa crise não altera em nada os nossos projetos de lançar candidatos em várias capitais do Brasil. Em Minas, vamos lançar 23 candidaturas a prefeituras, entre elas, em cidades importantes, como é o caso de Contagem, Coronel Fabriciano, Sete Lagoas e Teófilo Otoni, entre outras.