Berlusconi vence votação, mas perde maioria na Câmara
Apesar de ter conseguido aprovar o Orçamento de 2010 nesta terça-feira (8), o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, perdeu a maioria absoluta na Câmara e continua sob pressão para renunciar.
Publicado 08/11/2011 14:28
Na Câmara, 308 parlamentares votaram a favor do Orçamento e 321 se abstiveram. O resultado aponta a clara instabilidade do governo, já que a maioria absoluta é alcançada com o apoio de pelo menos 316 deputados.
Depois da votação, Pier Luigi Bersani, líder do opositor Partido Democrático, fez um apelo pela renúncia de Berlusconi: "Peço que o senhor finalmente aceite a situação: entregue seu pedido de renúncia e deixe que o presidente encontre uma solução que permita a nossa nação seguir adiante. Faremos nossa parte."
Analistas locais apontam os 321 deputados que se abstiveram como uma maioria contrária ao premiê. Após a votação, Berlusconi reuniu-se com os ministros da Economia, Giulio Tremonti, do Interior, Roberto Maroni, e com Umberto Bossi, líder do partido de direita Liga Norte, da base do governo.
Horas antes da votação, Bossi também fez pressão junto a Berlusconi pela renúncia, sugerindo também que o deputado Angelino Alfano, secretário-geral do governista Partido da Liberdade, de centro-direita, assuma o cargo de primeiro-ministro.
Na segunda-feira, Berlusconi negou que pretenda renunciar, após o custo para a rolagem da dívida italiana ter atingido um nível recorde por conta dos temores de que o país não tem capacidade de pagar a dívida.
A pressão pela renúncia de Berlusconi não tem a ver com seu desempenho recente no governo, ela se deve à perda de confiança dos capitalistas – os mercados financeiros internacionais – na capacidade do premiê administrar a economia do país.
O mercado financeiro considera que o governo Berlusconi é fraco para impor as medidas draconianas que defendem para conter o déficit público e o aumento da dívida.
O ministro italiano de Administração Pública, Renato Brunetta, admitiu em entrevista à TV nesta segunda-feira que o governo tem um “problema numérico” no Parlamento e que, se não houver maioria na votação de terça-feira, “todo mundo vai para casa”. O ministro do Interior, Roberto Maroni, concordou e acrescentou: “É inútil insistir.”
Também há o clamor popular pela saída do direitista do cargo. No último sábado, milhares de italianos participaram de uma manifestação em Roma convocada pelo Partido Democrata (PD) para pedir a renúncia do premiê.
O PD já manifestou nesta terça que vai promover uma nova manifestação para o próximo sábado, para pedir a renúncia de Berlusconi, e "começar a reconstrução" do país.
Sob o lema "Reconstrução, em nome do povo italiano", a manifestação também inclui o partido Itália dos Valores (IDV) e a confederação sindical CGIL, a maior do país.
"Nossa tentativa busca reunir todos aqueles que se preocupam com o futuro do nosso país para começarmos juntos uma reconstrução democrática, social e econômica", explicou o secretário-geral do PD, Pier Luigi Bersani.
Ele também explicou que a manifestação não pretende se contentar com a viabilização de eleições antecipadas, mas sim com "uma real mudança de governo". Bersani fez claras referências aos insistentes pedidos da oposição para que Berlusconi renuncie ao cargo.
Com a proibição de manifestações no centro de Roma, os organizadores se concentrarão na Praça San Giovanni in Laterano, que já foi palco de violenta repressão por parte das forças de segurança contra manifestantes.
Com agências. Texto atualizado às 17h17.