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Ministro Lupi se defende na Câmara e acusa a imprensa

O roteiro é o mesmo que se viu nos últimos meses no país. No sábado, a revista Veja publica uma denúncia contra determinado ministro. No domingo, os jornais repercutem e publicam novas denúncias. Na segunda-feira, os parlamentares da oposição exigem que a presidente Dilma continue a “faxina”, pedem CPI e a imediata demissão do ministro colocado na berlinda. Durante a semana, o ministro vem até a Câmara dos Deputados espontaneamente rebater as denúncias e mostrar sua inocência.

Lupi na Camara - Gustavo Lima/Agência Câmara

Nesta quinta-feira (10), a história se repetiu. Desta vez, compareceu ao Congresso o ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT). A última edição da revista Veja trouxe uma matéria, baseada em fontes anônimas, acusando seu ministério de cobrar propina de ONGs com as quais mantém convênios e assim irrigar o cofre do PDT.

Sentado à mesa de uma audiência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, Carlos Lupi foi enfático na sua defesa. “Pedi à Polícia Federal que fosse fundo. As duas fontes anônimas que denunciam o Ministério do Trabalho não receberam dinheiro. Corrupção dentro do Ministério do Trabalho e no meu partido não há. Ninguém vai macular minha história modesta e pequena. Incomoda a muita gente um ex-jornaleiro chegar onde chegou".

Denúncias vazias

Segundo o ministro, as denúncias são vazias e mostram que não houve propina, pois as empresas denunciantes não receberam dinheiro do ministério. "Apareça a prova, apresente-se quem levou dinheiro. Eu não compactuo com a corrupção. Quero corruptor e corrupto na cadeia", disse.

Lupi desmascarou o que está por trás da “onda de denuncismo” que tem sido praticada pela imprensa. “A mídia não tem a verdade absoluta. Meu sentido de desafio é para acabar com esse negócio de quem é o próximo a cair. Toda a matéria da revista Veja não dá o direito de defesa ao acusado. Parece que tem uma disputa entre a imprensa brasileira para saber quem vai derrubar o próximo ministro”.

Oposição quer governar

O deputado Osmar Júnior (PI) falou na audiência em nome da liderança do PCdoB. Ele se disse preocupado com o momento que o país vive. “Parece que os que perderam as eleições querem governar a nação. Querem demitir e nomear ministro”. Osmar lembrou que os governos Lula e Dilma foram eleitos e aprovados pela ampla maioria do povo brasileiro e que, através de órgãos de imprensa, a oposição quer reverter essa realidade.

O deputado comunista citou o caso do ex-ministro Orlando Silva, “um grande brasileiro que foi acusado pela mesma revista Veja de receber dinheiro na garagem do ministério. Depois o acusador disse não ter provas. E parece que se esqueceram disso. O acusador foi chamado pra vir aqui apresentar as tais provas e fugiu, não veio”.

A oposição foi representada na audiência principalmente pelo líder do PSDB, deputado Duarte Pereira (SP). Ele defendeu que o ministro Lupi saia do governo até as denúncias serem apuradas. Osmar Junior ironizou a proposta e perguntou porque o deputado não apresenta também a mesma solução para os secretários do governo de São Paulo que estão sendo acusados de superfaturar obras do metrô daquele estado.

Indignação

Um dos mais indignados durante a audiência era o deputado Weverton Rocha (PDT-MA). Ele disse que ficou surpreso e indignado ao ver no fim de semana a sua foto estampada como “articulador de uma quadrilha” na mesma matéria que acusa o ministro Lupi.

Weverton afirmou que tomou todas as providências para defender sua honra. “Na segunda-feira, acionei a revista Veja por danos morais e exigindo direito de retratação e indenização. Sou a favor da liberdade de imprensa, mas sou obrigado a exigir justiça e saber quem está me acusando sem provas numa matéria caluniosa que atacou toda a minha história”.

De Brasília,
Kerison Lopes