Potências levam projeto de resolução à AIEA contra Irã
As grandes potências apresentaram nesta quinta-feira (17) à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) um projeto de resolução que condena o projeto nuclear de energia conduzido pelo Irã.
Publicado 17/11/2011 16:03
Segundo a mídia corporativa, as cinco potências que têm direito a veto no Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha fizeram um rascunho expressando "profunda e crescente preocupação no que diz respeito aos temas não resolvidos do programa nuclear iraniano, incluindo aqueles que precisam ser esclarecidos para excluir a existência de uma possível dimensão militar". O texto, vazado pela agência AFP, não foi confirmado por nenhuma das potências citadas.
Segundo a AFP, o projeto deve ser discutido na sexta-feira (18), no segundo dia de reunião do conselho de diretores da agência, que reúne 35 países-membros.
Mais cedo, o diretor-geral AIEA, Yukiya Amano, declarou que propôs o envio de uma missão ao Irã para esclarecer os elementos do último informe da agência sobre uma possível dimensão militar do programa nuclear iraniano. O site WikiLeaks revelou recentemente que os Estados Unidos cooptaram o diretor-geral da AIEA para que este agisse a seu favor na pressão contra o Irã.
"Escrevi ao vice-presidente Fereydun Abassi no dia 2 de novembro para propor a ele o envio de uma equipe de especialistas de alto nível com o objetivo de esclarecer os pontos incluídos no anexo" do último informe da agência sobre o Irã, disse Amano em um discurso pronunciado perante o conselho de governadores da AIEA, que começou a se reunir nesta quinta-feira em Viena.
O Irã não tem se negado a cooperar com a agência das Nações Unidas, nem tem dado mostras que seu projeto realmente tenha conotações militares, mas apesar da falta de provas, os Estados Unidos e seus satélites usam a questão para estabelecer um bloqueio contra o Irã.
A retórica utilizada ultimamente pela AIEA demonstra como a agência age de acordo com o interesse das potências ocidentais: "Se o Irã não fornecer a cooperação necessária (…), a agência não poderá dar uma garantia confiável em relação à ausência de material e de atividades nucleares não declaradas pelo Irã, e, portanto, (não poderá) chegar à conclusão de que todos os materiais nucleares do Irã são utilizados para fins pacíficos", declara Amano.
Marionete dos EUA
Para um deputado do parlamento iraniano, Amano não passa de uma marionete dos EUA depois que o WikiLeaks mostrou seus laços com o país.
Mohammad-Taqi Rahbar afirmou na quarta-feira que tanto os organismos de Direitos Humanos e de Energia Nuclear das Nações Unidas não são livres para refletir as questões que lhes cabem, apontando Amano como um dos que representam interesses de países dentro da AIEA.
"Tais indivíduos, como Amano, seguem os passos dos Estados Unidos e outras potências ocidentais e isto fica evidente em seus relatórios", afirmou Rahbar à agência de notícias Farsi.
Rahbar disse que o Irã nunca tentou fabricar armas nucleares e não há nenhuma evidência que prove tais elocubrações do ocidente. "A proliferação de armas nucleares de destruição não está presente na cultura do Irã… e o que pessoas como Amano dizem sobre as atividades do país neste campo não passam de mentiras", sublinhou.
Em relação às recentes ameaças proferidas por Estados Unidos e Israel contra o Irã, o deputado observou que os americanos passam hoje pela sua maior crise e Israel também sofre a pressão política internacional, assim como perdeu alguns de seus aliados.
Ele observou também que o governo do Irã continuará a defender o seu país contra ameaças externas, agregando que a unidade nacional é necessária para proteger o país de tais ameaças.
O último relatório sobre o Irã assinado por Amano circulou pelos 35 membros do orgão diretivo da AIEA, antes da reunião que se realiza agora em Viena.
Nesse relatório, Amano diz que o Irã "engajou-se em atividades relacionadas ao desenvolvimento de armas desde 2003" e que essas atividadas "ainda podem estar em operação".
O governo iraniano desmentiu o relatório, qualificando-o de desequilibrado, amador e preparado sob a pressão e motivação política em sua grande extensão pelos Estados Unidos.
Da redação, com agências