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Racismo é principal fator da violência contra jovens negros

A cada branco, de 15 a 24 anos, que morreu em 2008, morreram, proporcionalmente, mais de dois negros. Os dados são do Mapa da Violência divulgado este ano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para apontar as razões e impactos na sociedade desta violência, a Comissão de Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado promoveu audiência pública que debateu a questão da violência contra os jovens negros.

O Mapa da Violência aponta ainda que este quadro só tende a se agravar, já que, de 2002 a 2008, caiu em 30% o número de mortes entre jovens brancos, enquanto entre jovens negros subiu 13%.

“Os negros e as negras são percebidos em nosso país como suspeitos criminosos principais”, afirmou a representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Sepir), Anhamona Silva de Brito, que aponta o racismo como a causa principal da violência contra os negros. “Essa estigmatização autoriza a violência contra o negro, inclusive por parte do Estado.”

Os deputados presentes à audiência defenderam a garantia de direitos para essa parcela da população como forma de coibir a violência. O deputado Edson Santos (PT-RJ) afirmou que, para resolver o problema da violência contra o jovem negro, deve-se não apenas reforçar o aparato de segurança do Estado, mas promover ações que garantam os direitos e a cidadania do jovem negro.

Segundo o deputado, a violência dos agentes policiais contra jovens negros, que sofrem com o estigma de serem sempre considerados suspeitos principais, é uma herança da sociedade escravocrata.

Outras medidas

Anhamona disse que outra causa para a violência contra os jovens negros é a desigualdade social. Segundo ela, os indicadores sociais apontam diferenças de analfabetismo, escolaridade e pobreza em relação a jovens brancos. Para ela, as políticas públicas para o combate à violência contra jovens negros devem envolver não apenas medidas de segurança pública, mas também ações educacionais, de saúde e de qualificação profissional, por exemplo.

A representante da Seppir anunciou que um grupo interministerial para avliar as causas e consequências da violência contra jovens negros começará a trabalhar em 2012, sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República .

“Espero que políticas públicas casadas dos ministérios, por meio de um plano nacional, sejam resultado do trabalho do grupo”, afirmou. Segundo ela, a elaboração de um plano nacional de combate à violência contra jovens negros está prevista no Plano Plurianual (PPA) 2012/2015.

A socióloga Helena Abramo, representante da Secretaria Nacional de Juventude afirmou que o combate à violência contra o jovem negro será prioridade na atual gestão do órgão. Segundo a socióloga, os problemas que mais afetam os jovens brasileiros são a violência e o desemprego, os quais atingem os jovens negros com ainda mais intensidade.

Também na audiência, o assessor Guilherme Zambarda, da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, informou que a secretaria promove periodicamente cursos de capacitação para os policiais federais, nos quais o tema do racismo e da igualdade racial é um dos focos.

Com informações da Agência Câmara