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Preso por fraude, Marcos Valério é transferido para a Bahia

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do esquema do mensalão, foi preso na madrugada desta sexta-feira (2) em Belo Horizonte, em uma operação da Polícia Civil da Bahia. Batizada de Operação Terra da Nunca, a ação desmantelou um esquema de grilagem de terras no Estado. A pedido da Justiça, ele foi transferido para a Bahia, onde desembarcou por volta de 16h30 e seguiu para prestar depoimento.

Como parte da operação, foram emitidos 23 mandados de prisão, busca e apreensão, nos municípios de Barreiras, Santa Maria da Vitória e São Desidério. Segundo a polícia, 15 pessoas foram presas nesta sexta-feira, em Minas, São Paulo e Bahia.

Valério foi preso na capital mineira junto com outras três pessoas, todas elas sócias da DNA Propaganda, uma das agências do publicitário envolvidas nas denúncias do mensalão, como ficou conhecido o susposto esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca do apoio político no Congresso. A prisão desta sexta, segundo a assessoria jurídica do publicitário, não tem relação com a crise de 2005.

Entre os presos, estão Ramon Hollerbach, Francisco Marcos Castilho Santos e Margaretti Maria de Queiroz Freitas. O mandado de prisão é assinado pelo juiz de Direito da comarca de São Desidério (BA). Entre os presos, estão ainda empresários, advogados e oficiais de cartórios de registro de imóveis.

Marcos Valério e seus sócios são acusados de fraude em registros públicos de imóveis localizados no interior baiano usados para conseguir empréstimos.

A Operação Terra do Nunca, como foi batizada a ação deflagrada hoje, visava prender empresários e funcionários de cartórios envolvidos neste tipo de falsificação de documentos para grilar terras.

Segundo o delegado Carlos Ferro, responsável pela investigação, Marcos Valério começou a ser investigado pela polícia baiana em 2010 após a Procuradoria da Fazenda Nacional de Minas Gerais requisitar informações sobre cinco fazendas apresentadas por ele em garantia em um recurso contra a execução de uma dívida de R$ 158 mil com o fisco.

As fazendas Cristal 1, 2, 3, 4, 5 somavam 17.100 hectares, mas na verdade elas não existiam, segundo o delegado. "Era só no papel. A matrícula que originou o registro das cinco fazendas que o Marcos Valério apresentou como garantia era um terreno de 360 metros quadrados", contou o delegado.

Defesa

Os advogados dos suspeitos de envolvimento no esquema de fraudes presos em Belo Horizonte defenderam que as prisões foram ilegais. Eles disseram que não tiveram acesso aos autos da investigação que levou à decretação das prisões e que os policiais não revelaram o motivo das capturas.

"Ainda precisamos ter acesso aos autos para saber o motivo das prisões. A partir daí veremos o que fazer", afirmou Marcelo Leonardo, responsável pela defesa de Marcos Valério. Mesmo antes de ter acesso às investigações, porém, o advogado disse já imaginar que o mandado de prisão seria motivado por "negociações de imóveis" realizadas em 2003 e 2004 na Bahia e que já estuda recurso para tentar libertar seu cliente.

Para o advogado Leonardo Isaac Yarochewsky, que representa Francisco Castilho e Margareth Freitas, a polícia cometeu abuso e realizou as prisões em uma sexta-feira "para dificultar o trabalho dos advogados".

Já o advogado Hermes Vilchez Guerreo, que representa Ramon Hollerbach, afirmou que teve acesso ao mandado de prisão e que, "nas quase 60 páginas, não há nada que justifique a prisão" de seu cliente.

Com agências