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600 russos são detidos em protesto contra fraudes nas eleições

Quase 600 pessoas foram detidas na noite desta terça-feira no centro de Moscou por participarem de uma manifestação para denunciar fraudes nas eleições parlamentares do último domingo, quando a formação governista Rússia Unida saiu vencedora, informou uma fonte policial. No total, foram detidas 569 pessoas, disse um funcionário da polícia moscovita à agência Interfax.

Polícia russa detém manifestante / Foto: Reuters

"No centro de Moscou se concentraram cerca de dois mil cidadãos que promoveram um comício não pactuado com as autoridades para debater os resultados das eleições à Duma (a câmara baixa do Parlamento russo)", explicou a fonte policial.

Anteriormente, o Departamento do Ministério do Interior da capital russa tinha informado que 300 pessoas haviam sido detidas na manifestação, a segunda desde a segunda-feira, quando foram anunciados os resultados das eleições.

Diante das manifestações, as autoridades reforçaram as medidas de segurança com a incorporação de efetivos das tropas do Ministério do Interior aos trabalhos de vigilância.

Na ação de protesto da noite desta terça-feira foram detidos 45 ativistas da Outra Rússia, partido opositor radical sem registro legal, declarou à Interfax Alexei Averin, dirigente da formação. Averin indicou que o líder da Outra Rússia, o escritor Eduard Limonov, também foi detido, mas acabou posto em liberdade horas depois.

Todos os setores opositores foram unânimes ao denunciar graves irregularidades no pleito de domingo. Gennady Ziuganov, líder do Partido Comunista, a segunda formação mais votada, denunciou que os resultados do pleito foram falsificados para favorecer a Rússia Unida. Segundo este dirigente opositor, o Governo chegou a somar até 15% mais de votos através de fraudes.

Denúncia estudantil

Estudantes universitários russos foram obrigados a votar no partido governista , e agora são forçados a se manifestar nas ruas a favor do governo, denunciou nesta quarta-feira o presidente da União dos Estudantes da Rússia, Artiom Khromov.

"Durante toda a campanha eleitoral houve tentativas maciças de pressionar os estudantes: em algumas universidades foram obrigados a votar em determinado partido", disse Khromov, citado pela Interfax.

Embora não cite diretamente a Rússia Unida, partido do primeiro-ministro Vladimir Putin, sobre as pressões durante as eleições, o líder estudantil alude a este ao afirmar que agora os estudantes são "obrigados a comparecer aos atos em apoio às atuais autoridades".

Khromov acrescentou que "as pressões despertaram os ânimos opositores entre os estudantes nestas eleições". "Não me surpreenderia se muitos estudantes que foram obrigados a comparecer aos atos em apoio das autoridades terminem nos comícios da oposição", disse Khromov.

A União Estudantil denunciou que em muitas universidades as eleições ocorreram no domingo "para que todos os estudantes pudessem votar".

Pedido de anulação do pleito

O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev pediu nesta quarta-feira (7) às autoridades da Rússia que anulem os resultados das eleições parlamentares de domingo e convoquem um novo pleito.

"Os dirigentes do país devem admitir a ocorrência de inúmeras falsificações e fraudes, e que os resultados não refletem a vontade dos eleitores", disse Gorbachev à agência Interfax.

Por isso, acrescentou, "considero que as atuais autoridades devem adotar uma só decisão: anular os resultados das eleições e celebrar novas". O ex-líder soviético indicou que "a cada dia que passa cresce o número de russos que consideram que os resultados do pleito não foram limpos".