Polícia hondurenha reprime jornalistas em marcha pela paz
Pela segunda vez nesta semana, jornalistas hondurenhos protestaram nas ruas de Tegucigalpa, capital do país. O motivo é o quadro de perseguição e censura – atribuído aos grupos de traficantes de drogas –, que já resultou em 17 assassinatos de comunicadores desde o início do governo Porfirio Lobo, em janeiro de 2010.
Publicado 14/12/2011 10:33
Mas o que seria um ato pacífico terminou com a repressão por parte da polícia hondurenha. Segundo notícias das agências hondurenhas, assim que chegou perto do Poder Executivo, homens da Guarda Nacional de Honra Presidencial foram acionados e receberam os manifestantes com gás lacrimogêneo. Também foram usadas armas com disparos de balas de borracha. O fato foi rechaçado pelos participantes e considerado mais uma prova de que não há liberdade de expressão desde o Golpe de Estado instalado em 2009.
Denominada Jornalistas pela vida e a liberdade de expressão, a marcha saiu da Universidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán, reunindo profissionais de diversas religiões e correntes políticas, bem como familiares de vítimas da violência e defensores de direitos humanos e da liberdade de expressão.
As organizadoras, mulheres jornalistas, pediram aos manifestantes que comparecessem vestindo camisa preta, portando vela e, se possível, um cartaz.
"Já não permitamos que o silêncio prepare o caminho daqueles que estão nos exterminando por fazer esse jornalismo decente e justo que nosso país requer”, declararam, em convocatória.
Três dias antes, cerca de 500 jornalistas haviam realizado outra manifestação com o mesmo objetivo em Tegucigalpa, saindo da sede da Associação de Jornalistas de Honduras (CPH, na sigla em espanhol) em direção à Casa Presidencial e à sede das Nações Unidas, no centro da capital. "Não se mata a verdade matando os jornalistas”, denunciaram.
Em San Pedro Sula, a segunda maior cidade de Honduras, a indignação com os crimes também teve eco e jornalistas realizam ato.
Casos recentes
No último dia 6, a jornalista Luz Marina Paz foi assassinada, na entrada da colônia de San Francisco de Comayagüela, periferia de Tegucigalpa. Perseguida por dois motoqueiros enquanto dirigia seu carro, Luz recebeu 36 disparos. Ela foi a primeira jornalista hondurenha assassinada no período de duas décadas.
Alfredo Landaverde, assessor do governo sobre segurança, foi assassinado no dia 7, também por dois motoqueiros, quando se dirigia ao centro da cidade com a esposa, Hilda Caldera. De acordo com a imprensa local, ele era conhecido por denunciar a infiltração do crime organizado na Polícia hondurenha.
"Já não queremos mais desculpas e dilatórias, exigimos que estes crimes não fiquem impunes”, ressaltou CPH, manifestando repúdio às ameaças sofridas por diversos meios de comunicação e jornalistas.
Na tentativa de minimizar o problema, o Congresso aprovou uma norma que proíbe que duas pessoas viajem em motocicleta, o transporte mais usado pelos criminosos. No dia 9, foram aprovadas também as escutas telefônicas e a criação de uma nova polícia investigativa.
Em uma controversa decisão, o Congresso apoiou, no início de novembro, o deslocamento de 11 mil membros das Forças Armadas para que colaborem com a Polícia Nacional – que tem 14.500 efetivos. Batizada como "operação relâmpago”, promete diminuir o número de homicídios em 36%.
Fonte: Adital