Exército sudanês mata líder do principal grupo rebelde de Darfur
O Exército do Sudão executou na noite do último sábado (24) o rebelde Khalil Ibrahim, líder máximo do principal grupo insurgente de Darfur, o Movimento de Justiça e Igualdade (MJI), na região sudanesa de Cordofão.
Publicado 25/12/2011 20:13
Em declarações à emissora de televisão oficial, o porta-voz das Forças Armadas sudanesas, Khalid al-Sawarmy Saad, anunciou que "o Exército conseguiu matar o rebelde Khalil em um combate que ocorreu no oeste de Wed Banda, na província de Cordofão do Norte", vizinha a Darfur, no oeste do país.
Ibrahim, de 54 anos, se dirigia à República do Sudão do Sul quando seu comboio foi interceptado pelos soldados, que o tinham seguido utilizando informações proporcionadas pelos habitantes da região, que alertaram sobre sua presença em Wed Banda, explicou o porta-voz militar.
Além de Ibrahim, pelo menos 30 combatentes do MJI morreram nos confrontos que foram desencadeados pouco depois e que prosseguiram durante o domingo (25).
Com a morte de Ibrahim, que era médico, sai de cena um dos principais inimigos do regime de Omar al-Bashir. O ministro sudanês da Informação, Abdullah Ali Masar, considerou este fato como "uma vitória do governo sudanês e o começo da derrota dos rebeldes de Darfur".
Como fundador do MJI, Khalil começou a luta armada contra o governo de Cartum em fevereiro de 2003, junto ao Movimento de Libertação do Sudão (MLS), liderado por Abdul Wahid al Nur.
Em maio de 2008, foi lançada uma ofensiva contra Omdurman, setor oeste de Cartum, na qual morreram 255 insurgentes e 77 membros das forças de segurança. Após esse ataque, dezenas dos combatentes do MJI foram condenados à morte, incluindo dois dos irmãos de Ibrahim.
Depois da ofensiva, o MJI tomou parte em negociações de paz, promovidas pelo Catar, e assinou dois memorandos de entendimento com o governo sudanês, mas suspendeu sua participação nas conversas ao considerar que era inútil negociar com o governo, ao qual acusou de manter uma atitude inflexível.
Em maio de 2010, Cartum pediu à Interpol (polícia internacional) a detenção de Ibrahim pelo ataque de 2008 contra Omdurman, enquanto as autoridades do Chade retiraram o apoio que tinham dado a ele até aquele momento, visto que suas diferenças com o governo do Sudão haviam terminado.
Os dois países assinaram um acordo de normalização de relações em janeiro de 2010, no qual se comprometeram a não apoiar movimentos armados opositores do outro Estado.
O conflito de Darfur já deixou mais de 300 mil mortos e 2,7 milhões de deslocados, segundo dados da ONU.
Com agências