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A França diante de uma situação política complexa

2012 será um ano complicado na França onde, no meio de uma aguda situação econômica e social, os cidadãos deverão eleger o novo presidente da República e renovar os membros da Assembléia Nacional.

Ainda que a campanha presidencial não tenha começado oficialmente, a disputa para o Palácio dos Campos Elíseos se iniciou há alguns meses e cobrou força em outubro último depois das primárias do Partido Socialista (PS), vencidas por François Hollande.

Pela primeira vez este agrupamento político celebrou eleições internas para escolher seu aspirante à presidência da República e o evento serviu para fechar de alguma maneira as brechas abertas pelo escândalo que envolveu Dominique Strauss-Kahn.

A princípios de 2011, o então diretor do Fundo Monetário Internacional era considerado favorito para conduzir o PS à presidência, mas uma acusação por assédio sexual nos Estados Unidos deu fim a suas aspirações e abriu o caminho a Hollande.

Desde sua escolha, Hollande encabeça as intenções de voto, ainda que a distância tenha se encurtado com o atual presidente Nicolás Sarkozy.

As mais recentes pesquisas apontam que no primeiro turno, em 22 de abril, o PS obteria 27,5 por cento, frente a 24 do presidente.

No segundo turno, que se realizará em 6 de maio, a vantagem dos socialistas se prognostica bem mais ampla, com 56 em cada 100 sufrágios a seu favor, contra 44 para Sarkozy.

Este último ainda não confirmou sua intenção de se candidatar à frente da direitista União por um Movimento Popular (UMP) e se aguarda um anúncio a este respeito em janeiro ou fevereiro no mais tardar.

Analistas assinalam que Sarkozy espera um momento favorável na economia para lançar sua candidatura com bons augúrios, apesar de não poucos advertirem que poderia ocorrer o contrário pelo complicado panorama da França e da Eurozona em geral.

Além de Hollande e Sarkozy, outros 14 nomes aparecem na listagem provisória de aspirantes à presidência da França, mas quase a metade deles se verão impedidos de participar na disputa ao não preencherem os requisitos exigidos.

Na França, para ser candidato à presidência é preciso contar com o apoio de 500 patrocinadores, os denominados "padrinhos", quem devem ocupar cargos eletivos, como prefeitos, senadores, deputados ou vereadores.

A lista de assinaturas será entregue no mais tardar a 16 de março de 2012 e quatro dias mais tarde a lista oficial de candidatos será publicada pelo Conselho Constitucional e só então começará de maneira oficial a campanha eleitoral.

Dá-se por certo que além do PS e da UMP, também preencham sem dificuldades este requisito Jean-Luc Mélenchon, do Partido de Esquerda; Eva Joly, de Europa Ecologia-Os Verdes; e François Bayrou, do Movimento à Democracia.

Há outros aspirantes que asseguram estar bem perto de conseguir essa cifra, entre eles Nicolas Dupont-Aignan, de Primeiro a República; Corinne Lepage, de Capítulo 21; e Jean-Pierre Chevenement, do Movimento Republicano.

Quem parece estar muito atrás neste sentido é Marine Le Pen, do ultradireitista Frente Nacional, enquanto o ex-premiê Dominique de Villepin, do República Solidária, escreveu a todos os prefeitos da França solicitando apoio e ainda aguarda respostas.

Independentemente do número de candidatos aceitos, tudo indica que, salvo uma extraordinária surpresa, a decisão será entre Hollande e Sarkozy, e no final da contenda influirá muito o desenvolvimento da economia local e regional, bem como o uso que cada partido fizer desta conjuntura.

Pierre Moscovici, diretor de campanha do PS, reconheceu que a existência de mais de 2,8 milhões de desempregados na França, obrigará todos os candidatos a pôr este grave problema no primeiro lugar de sua agenda.

Depois de um de ser conhecido o futuro presidente da França, ocorrerão as eleições legislativas e inevitavelmente o resultado do primeiro evento influirá no segundo.

Ainda é cedo, no entanto, para predizer a futura composição dos 577 membros da Câmara Baixa porque as variáveis são numerosas, entre elas o comportamento do eleitorado, que em tempos de crises costuma ser imprevisível.

Além de um projeto crível para estimular a economia, proteger o emprego e baratear o custo de vida, pesará muito no ânimo do votante a percepção de quem será mais capaz de manter uma liderança francesa na União Européia e na Eurozona.

Será, pois, um período muito dinâmico na vida nacional da França, durante o qual as propostas políticas tratarão de vencer o ceticismo criado pela realidade econômica e social que exige duros sacrifícios aos setores médios e baixos da população.

Prensa Latina