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Léo Burguês, presidente da Câmara de BH, censura música

A história parece folclore político, daqueles bem surrealistas. A começar pelo nome do personagem: Léo Burguês. Isso mesmo, Léo Burguês é o nome do presidente da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte. Como não poderia deixar de ser, seu partido é o PSDB. Depois de aprontar muitas na sua carreira política, sua última proeza foi tentar censurar uma marchinha de carnaval feita em sua homenagem.

O caso aconteceu neste fim de semana, em belo Horizonte. Na sexta-feira (27) o advogado de Burguês ligou para o compositor e músico mineiro Flávio Henrique “aconselhando-o” a retirar da Internet a marchinha "Coxinha da Madrasta" que Flávio fez em homenagem aos escândalos produzidos pelo vereador, como comprar salgados na empresa de sua madrasta e gastar 1500 reais por mês só em coxinhas.

"O advogado me disse que a marchinha estava causando dano moral ao vereador", contou Flávio Henrique, que acrescentou que a composição foi feita para ser inscrita no concurso de marchinhas da Banda Mole para o Carnaval de Belo Horizonte.

"Como eles deixam divulgar a marchinha antes da hora, eu coloquei na internet, mas não imaginei que ia causar essa confusão toda", afirmou, deixando claro que não tem nenhum interesse político no tema. "Eu disse para o advogado que tudo era só uma brincadeira, que tem que ter bom humor. Quem levantou o fato foi a imprensa. Eu só fiz uma brincadeira", defendeu-se, indignado.

Flávio Henrique, que é músico profissional e já lançou seis discos durante a carreira, estava em São Paulo quando foi surpreendido pela ligação do advogado do vereador. "Quem vai julgar o Léo Burguês é a população, não sou eu. Eu estava repercutindo uma matéria. Não estou a serviço de ninguém, não ganhei um tostão para fazer isso. É para ser algo jocoso, só isso".

"O objetivo das marchinhas de carnaval sempre foram a sátira e a diversão. Diversos compositores brasileiros como Noel Rosa, Lamartine Babo etc… se prestaram a essa modalidade musical, acho lamentável que a minha primeira incursão nessa seara se dê de maneira tão polêmica", comentou Flávio em sua página no Facebook.

Efeito colateral

O que o tal Léo Burguês não esperava era o efeito colateral que teve a sua censura à marchinha. Bastou Flávio Henrique justificar em sua página do Facebook o motivo que o fez tirar a música do ar para milhares de pessoas começarem a compartilhar a marchinha e a mobilizar uma rede de solidariedade ao músico.

"Pessoalmente, creio que a grande repercussão dessa música deve-se mais a indignação da sociedade com os políticos do que à minha habilidade como compositor. Agradeço as palavras carinhosas de centenas de amigos e desconhecidos que curtiram a brincadeira", disse Flávio.

O autor da marchinha conta ainda que recebeu apoio de seus colegas de profissão. "A classe artística de Belo Horizonte está indignada com a censura e já ameaça reagir caso eu seja processado", disse.

O presidente da Cooperativa de Músicos de Minas Gerais, Makely Ka, postou um manifesto em sua página no Facebook. "Quando uma marchinha de Carnaval incomoda os governantes, é sinal de que alguma coisa está acontecendo, prova cabal de que revolveu alguma coisa no sótão escuro das casas de família tradicionais", destacou.

Quem quiser ouvir a marchinha é só acessar aqui. “Na coxinha da madrasta”

A letra da Marchinha é a seguinte:

Na coxinha da Madrasta

Não sei se é ladrão,
Pervertido ou pederasta
Tem gente metendo a mão
Na coxinha da madastra (bis)
Milhares de reais por mês
Pro lanchindo do burguês.
O nosso dinheiro ele gasta
Na cozinha da madrasta
Tira a mão, tira a mão
É hora de dar um basta
A grana da população foi parar na cozinha da madrasta
Agora BH já tem Édipo e Jocasta
Burguês pôs o seu cigarrete na coxinha da madrasta
Milhares de reais por mês pro lanchinho do burguês.
O nosso dinheiro ele gasta na cozinha da madrasta
Tira a mão tira a mão
É a hora de dar um basta
A grana da população foi parar na cozinha da madrasta.