Altamiro Borges: Serra e os factóides contra Cuba
Depois da campanha fascistóide de 2010, nada mais surpreende em José Serra. Nesta semana, ele publicou um artigo raivoso e mentiroso contra Cuba, somando-se ao coro da mídia colonizada com os seus intermináveis factóides. Logo de cara, Serra afirma:
Publicado 03/02/2012 16:28
“A presidente Dilma esteve em Cuba e não quis fazer nenhum gesto em defesa dos direitos humanos na ilha… Note-se que pouco antes da visita morrera um prisioneiro político cubano que fazia greve de fome. Infelizmente, apesar das promessas de mudança, em matéria de direitos humanos o atual governo manteve-se na linha do anterior, de aliança fraterna com ditaduras e ditadores”.
A farsa desmascarada
O tal “prisioneiro político” a que Serra se refere é Wilman Villar, falecido poucos dias antes da chegada da presidenta brasileira à ilha. Na verdade, esse cubano, detido em julho de 2011, nunca foi preso por motivos políticos ou por ser mais um “dissidente” apoiado pelos EUA e pela máfia de gusanos (vermes) de Miami. A própria mídia imperial sabe disso, tanto que recuou no factóide.
Segundo a Associated Press, até “a viúva do cubano morto depois de uma suposta (sic) greve de fome em prisão reconheceu que os problemas legais de seu marido começaram após um incidente doméstico… Maritza Pelegrino disse que seu esposo, o falecido Wilman Villar, foi preso depois que sua própria mãe alertou os vizinhos e a polícia em julho de 2011 por uma disputa conjugal”.
Oportunismo dos "dissidentes"
Em entrevista à imprensa internacional, a viúva, que reside em Cuba e hoje é paparicada por grupos dissidentes, bem que tentou se aproveitar do minuto de fama. Afirmou que, depois de preso, Villar virou um ativo oposicionista do regime cubano. Estranho! Afirmou, também, que a briga com o marido “não foi tão séria”. Será, então, que a sua mãe é que uma agente “castrista”?
Villar faleceu em 19 de janeiro depois de passar uma semana internado num hospital da cidade de Santiago, a 800 quilômetros de Havana. Segundo o governo, ele nunca fez greve de fome e faleceu por problemas respiratórios. Ele foi condenado a quatro anos de prisão por agredir violentamente a sua esposa e por resistir à ordem de prisão. Ele nunca teve qualquer militância política.
Tucano vira papagaio dos EUA
Segundo a agora também “dissidente” Maritza Pelegrino, até ser preso, aos 31 anos, “ele não havia realizado atividades políticas opositoras e trabalhava como carpinteiro”. Sua “militância” só teve início após a condenação judicial, a partir das visitas de grupos dissidentes ao presídio. Em outras palavras, eles “adotaram” um preso comum por motivos políticos. Puro oportunismo!
O mesmo oportunismo que leva o tucano José Serra, novo ícone da direita nativa, a mentir para fazer oposição à política externa do governo brasileiro. No mesmo artigo, o candidato derrotado do PSDB também faz altos elogios à política de direitos humanos do ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter. Mas não fala uma vírgula sobre as aberrações patrocinadas pelo império.
Ele não menciona as cruéis torturas executadas na base militar ianque de Guantánamo e amplamente documentadas. Não critica a política expansionista e genocida dos EUA no Iraque, Afeganistão e outras partes do mundo. Não cita sequer as recentes prisões de centenas de estadunidenses que participam do movimento “Ocupe Wall Street”. Serra ama os EUA e detesta Cuba!
Sobre direitos humanos, o tucano Serra cumpre o papel ridículo de papagaio dos EUA. Para ele, é bem apropriado o editorial do jornal “Granma”, traduzido pelo amigo Max Altman. “É impressionante a hipocrisia dos porta-vozes dos Estados Unidos, país que ostenta um pobre recorde em matéria de direitos humanos, tanto dentro de seu território como no mundo”.