Sem categoria

Irã, Síria e uma velha história de 300 anos

“Essa é outra armadilha em que caem os esquerdistas mal orientados, inocentes úteis que condenam sempre a Síria, sem entender que se trata de um esforço imperialista para repetir a experiência da Líbia, onde hoje o caos impera. O povo perdeu todos os benefícios e empregos que tinha durante o governo de Kadafi. O mesmo poderá acontecer na Síria. Por esta razão, a maioria do país não quer esta intervenção”.

Por James Petras, do Diario.Info

Especula-se que o Irã vai cortar as exportações de petróleo à Grécia, Espanha e Itália, como forma de antecipar o embargo anunciado pelos países europeus. Mais uma vez os países imperialistas da Europa estão tomando decisões que vão prejudicar o sul da Europa. Os países líderes não serão afetados por uma possível restrição sobre as exportações do Irã, pois recebem o seu petróleo da Arábia Saudita, da Rússia e de outras partes.

Por esta razão, agora existe um perigo. Caso a Europa anuncie um embargo contra o Irã, o mesmo irá cortar as exportações e colocar grande parte da Europa imersa numa crise ou, pelo menos, aprofundar a situação catastrófica existente.

Isso mostra que o Irã não está disposto a entregar-se aos países imperialistas. O Irã está capacitado a exportar petróleo para a Ásia, não dependendo da Europa. A Europa só constitui 18% do mercado do Irã. E, se os europeus impuserem um embargo, seguindo a liderança do império norte-americano, a China poderá comprar mais petróleo do Irã, assim como a Índia e outros países da Ásia.
Isso mostra, mais uma vez, que o Irã tem a capacidade de enfrentar o imperialismo, tomar medidas de defesa e contestar as agressões.

E, além disso, ouvimos muitas vezes falar do projeto de armas nucleares no Irã. Neste mês de fevereiro, o Irã declarou estar disposto a aceitar que os investigadores das Nações Unidas tenham acesso a qualquer centro nuclear, interroguem qualquer cientista e possam investigar qualquer documento. Isso mostra a transparência do país e como as acusações, principalmente as movidas pelos EUA e por Israel, são falsas e fabricadas para montar campanhas de difamação. O Irã não possui programa nuclear, isso é consensual entre todos os especialistas.

Agora, o que dizem os Estados Unidos é que, no futuro, poderão ter… Como é que os Estados Unidos conhecem o futuro, quando não sabem nem como manejar as suas próprias políticas orçamentais do dia a dia? Outra vez, devemos defender o direito do Irã em prosseguir como país independente, contra todas as agressões do mundo imperialista.

Isso não implica que devamos aprovar o caráter religioso que influencia a sua política. Uma coisa é o Irã ter que mudar sua forma de governar, outra coisa é os países imperialistas lançarem campanhas militaristas contra um país pacífico.

Isso leva-nos a outra contradição relacionada com à Síria. A Síria é um país independente, soberano e secular. Agora, encontra-se sob ataque armado. Ultimamente, as fotos publicadas nos jornais mostram pessoas encapuzadas, com metralhadoras, atirando sobre os soldados e contra o governo, ocupando os subúrbios de Damasco, a capital. Todas as sondagens e estudos de opinião mostram que, na grande cidade de Alepo e também em Damasco, a grande maioria está contra os terroristas, os mercenários tentam derrubar o governo através da força e da violência. Em todas as reportagens não são mencionados quantos civis estes terroristas matam, não são mencionados quantos soldados são assassinados. Só falam de vítimas. E vítimas, para eles, são apenas as da oposição e não as vítimas que apoiam o governo e os setores militares.

É preciso também ter em conta o fato de que, historicamente, a conquista imperial no mundo passa pelo uso de mercenários… França, Inglaterra e agora os Estados Unidos utilizam colaboradores nacionais, internos e, especialmente, importam mercenários de outros países para fazer o trabalho sujo.

Estou lendo uma história do império inglês e, na conquista do país hindu, foram centenas de milhares de mercenários quem conquistou a Índia. Depois, os ingleses utilizaram os hindus para conquistar a África. E depois trataram de montar um ataque, no século XIX, para conquistar a América Latina, onde fracassaram.

Mas é para isso que servem os mercenários e, mesmo procurando dar-lhe uma roupagem progressista, trata-se de uma tática antiga com 300 anos de uso, já que os países europeus, tradicionalmente, costumam utilizar somente oficiais militares para dirigir tropas de mercenários e é isso que agora está a ser repetido.

Fonte: Diario.Info, tradução de Maria Fernanda M. Scelza, edição do Vermelho