Sarkozy aposta no eleitorado da extrema-direita na França
Nicolas Sarkozy deverá anunciar a sua recandidatura ao Eliseu na próxima semana. Na campanha para do primeiro turno, o presidente francês privilegiará temas tradicionais da extrema-direita.
Publicado 10/02/2012 10:18
"Reacionário". É assim que o jornal de esquerda "Libération" qualifica Nicolas Sarkozy depois da longa e surpreendente entrevista que ele concedeu ao "Le Fígaro Magazine", o suplemento de fim de semana do diário conservador "Le Fígaro".
A entrevista, onde Nicolas Sarkozy namora claramente o eleitorado da extrema-direita, provocou uma tempestade política em França. A equipe da candidatura do seu principal rival, o socialista François Hollande, qualificou-a de "perigosa" por vulgarizar teses tradicionalistas e nacionalistas e por alimentar a divisão e o "ódio" no país.
Valores tradicionais
Nicolas Sarkozy propõe a realização de dois referendos – um sobre cortes nos subsídios dos desempregados, quando estes não aceitarem uma oferta de emprego depois de terem seguido um período de formação profissional, e outro sobre os direitos dos imigrantes estrangeiros, no sentido de acelerar a sua eventual expulsão de França.
Além disso, o presidente francês anuncia os seus "valores" – contra a eutanásia, o casamento homossexual ou o voto dos estrangeiros nas eleições francesas.
Marine Le Pen em dificuldades
Segundo alguns analistas, o presidente aposta na ausência de Marine Le Pen, líder da extrema-direita, na campanha eleitoral. A dirigente da Frente Nacional indicou estar com grandes dificuldades para reunir as 500 assinaturas de "grandes eleitores" (autarcas, deputados regionais ou nacionais) necessárias para validar a sua candidatura.
De acordo com diversas sondagens, Marine Le Pen é cotada com entre 17 e 20% das intenções de voto para o primeiro turno das eleições presidenciais, no próximo mês de abril. Os mesmos estudos dão Nicolas Sarkozy a 4/5 pontos de François Hollande no primeiro turno e, no segundo, em maio, apontam para uma vitória do socialista por 60% contra 40%.
Devido às más sondagens, diz-se em Paris que Nicolas Sarkozy decidiu antecipar a sua entrada formal na campanha e que deverá anunciar a sua candidatura a um novo mandato a meio da próxima semana.
Fonte: Expresso