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Indústria prevê ano medíocre na geração de vagas

Diretor da Fiesp, Paulo Francine, alerta para a possibilidade de que "2012 não seja um ano confortável para a indústria". A alta do consumo também não ajuda, já que as vendas são alavancadas pelos importados

O setor produtivo paulista criou 500 postos de trabalho no mês de janeiro, comportamento praticamente estável ante dezembro de 2011, com alta de apenas 0,03% na leitura sem ajuste sazonal. Já na série com ajuste sazonal, a taxa ficou negativa em 0,18%, o que levou o primeiro mês do ano a ficar abaixo da média histórica para meses de janeiro.

Como previsto pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), “o ano de 2012 não começou bem para o emprego industrial”, afirma Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da entidade.

O prognóstico da entidade para o PIB da Indústria de Transformação deste ano é de crescimento de 1,5%, com taxa de apenas 0,5% para o nível de emprego no setor. “Mesmo parecendo modestos, esses dados são otimistas”, disse Paulo Francini, explicando as dificuldades que se avizinham quando se analisa o carry over (efeito estatístico transferido de um ano para outro).

Nos últimos 12 meses comparados aos 12 meses imediatamente anteriores, a indústria fechou 16 mil vagas, apontou o estudo, uma queda de 0,61% de um período contra o outro.

“Não é um resultado animador. Não achamos que será um ano muito confortável para o emprego na indústria de transformação, muito pelo contrário, a previsão que a federação tem para 2012 é de um comportamento medíocre novamente.”

Segundo Francini, as usinas de açúcar e álcool foram as responsáveis pela criação de empregos em janeiro. Após as típicas demissões no final do ano passado, por conta da entressafra, o setor sucroalcooleiro voltou a contratar em janeiro e criou 2.914 postos de trabalho, o equivalente a um ganho de 0,17%. Os demais setores registraram, no entanto, resultado negativo de 0,14%, fechando 2.414 vagas no primeiro mês do ano.

Reflexo do consumo

Apesar de alguns analistas projetarem um ano melhor para a Indústria graças ao consumo robusto, o diretor do Depecon avalia que a recuperação do comércio “pode não significar absolutamente nada” para a indústria, uma vez que os importados ocupam muito dos espaços criados pelo crescimento do consumo doméstico.

“A demanda cresceu 6%, em 2011, e com isso a Indústria cresceu? O emprego industrial foi a zero. Assim, é possível perceber que existe uma grande discrepância entre demanda e produção doméstica”, explicou.

A Fiesp projeta uma taxa de 2,6% para o PIB (Produto Interno Bruto) no ano de 2012, enquanto o governo projeta uma expansão de 4,5%. “O que difere a nossa previsão das outras é justamente o comportamento da Indústria de Transformação, que nós acreditamos que conhecemos melhor”, afirmou Francini.

As medidas de incentivo à produção doméstica, como a redução do IPI para produtos da linha branca e materiais de construção não deixam de ser positivas, “mas a dimensão entre o que elas representam e a necessidade da Indústria é de tal disparidade que não dá pra dizer que satisfaz”, argumentou.

Fonte: Indusletter