Putin adverte que não permitirá interferências na Rússia
Dezenas de milhares de pessoas concentraram-se, nesta quinta-feira (23), no centro de Moscou, para participar de uma passeata a favor do candidato governista à Presidência russa, Vladimir Putin, por ocasião do Dia do Defensor da Pátria. No final da marcha, Putin falou para cerca de 130 mil pessoas num estádio. Advertiu que não permitirá "ingerências estrangeiras" nos assuntos russos.
Publicado 23/02/2012 11:50
Putin, que já foi presidente e é o atual primeiro-ministro, está à frente nas pesquisas, apesar de ter perdido popularidade nos últimos anos. Em um discurso de tom nacionalista, com vários termos militares, ele convocou os simpatizantes que lotaram o estádio Lujniki: "Hoje, somos nós que defendemos a pátria".
"Não deixaremos ninguém impor-nos a sua vontade. Não permitiremos que ninguém interfira em nossos assuntos internos", disse o candidato, lembrando que a história russa se fez de "de suor e sangue".
Ao mencionar a batalha dos russos contra Napoleão em 1812, Putin afirmou que a "batalha pela Rússia continua, a vitória será nossa".
O evento é considerado, dez dias antes da votação, uma resposta às grandes manifestações organizadas regularmente pela oposição na capital russa, desde as polêmicas eleições legislativas de dezembro, vencidas pelo partido do chefe de Governo, Rússia Unida. Em várias ocasiões, o governo russo acusou os organizadores das passeatas da oposição de trabalharem para os ocidentais
"Pedimos a todos união ao redor do país, àqueles que consideram a Rússia como sua pátria, os que estão dispostos a protegê-la, os que a amam e acreditam nela", reiterou Putin.
O elevado número de pessoas na manifestação pró-Putin provocou problemas em algumas das estações do metrô de Moscou, para onde a polícia enviou uma grande quantidade de agentes para garantir a ordem pública.
A manifestação percorreu três quilômetros às margens do rio Moskva e, em seguida, os partidários se dirigiram ao estádio para participar do comício.
A imprensa chegou a denunciar que funcionários públicos e de empresas estatais teriam sido obrigados a comparecer ao comício sob ameaça de represália ou demissão por parte de seus superiores. A oposição não parlamentar advertiu que se nas presidenciais ocorrer mais uma vez a fraude observada das legislativas de dezembro passado, será lançada uma campanha de desobediência civil com protestos indefinidos.
Putin indicou na quarta-feira que a democracia não pode ser exportada a outros países, mas defendeu a continuação das reformas políticas para evitar que ocorra na Rússia uma revolução como a registrada na Líbia, Tunísia e Egito.
"Para que aqui não ocorra nada parecido, é preciso desenvolver as instituições democráticas para que o povo se sinta partícipe dos processos políticos", disse.
Segundo a última pesquisa do Centro de Estudos da Opinião Pública, Putin deve ganhar as eleições no primeiro turno com 58,6% dos votos.
Com agências