Programa “Mulheres na Construção” é lançado no DF

Magda Delene é casada, não tem filhos e está desempregada há mais ou menos um mês. Alguns anos atrás Magda participou de um curso de mecânica de automóveis, sendo a única mulher entre os 35 alunos do curso. Afirma que naquele momento se sentiu discriminada, mas confessa que “Pereirão”, personagem de Lilia Cabral na novela Fina Estampa influencia as mulheres a ocuparem espaços historicamente masculinos. “A Pereirão está mostrando que a mulher pode fazer coisas que são consideradas de homem, sem deixar de ser mulher”, enfatiza Madga.
Ela também nos conta que sempre teve muita iniciativa na área da construção civil, tanto que ousou e mesmo sem conhecimentos construiu o banheiro de sua casa. Magda agora vê a possibilidade de se tornar uma profissional e considera que na construção civil terá mais vantagens financeira do que no comércio, onde trabalhou recentemente.
Assim como Magda, Cristina Maria da Silva, que é de Águas Lindas leu no jornal e se dirigiu para se inscrever no Programa em Taguatinga. E, conversando com Zilda Maria da Cunha, que é líder comunitária, já resolveu que além do curso pretende organizar uma associação comunitária para ajudar outras mulheres em seu município. Cristina disse que este é apenas seu primeiro passo na área da construção civil e sonha ser engenheira.
São histórias como esta que se fizeram presente no lançamento do programa de qualificação profissional “Mulheres na Construção. O Programa foi apresentado por Marcelo Dourado, Diretor e Presidente da SUDECO numa mesa com as representações da Secretária de Estado da Mulher, Olgamir Amancia, Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (SINDUSCON) – entidade que oficialmente representa o setor – representado por Luiz Gustavo Prada e também o Instituto Federal de Brasilia (IFB) representado pelo coordenador Francisco Gomes.
Marcelo Dourado, muito empolgado com o programa, não disfarçou sua emoção dizendo que “toda realidade começa com uma ideia e toda ideia começa com um sonho”. Ele ressaltou que a mulher é referência em sua caminhada, arrancando aplausos da plateia.
Por sua vez, Francisco Gomes do Instituto Federal de Brasilia (IFB) observa que “o pilar de todas as casas são as mulheres” e que o IFB se sente honrado em fazer parte deste programa. Destacou que as mulheres já tem grande participação na disciplina no quadro docente. O Administrador Regional de Taguatinga, Carlos Alberto Jales compartilha o momento dizendo que a união faz a força e que o sexo masculino e feminino tem que andar juntos lado a lado.
Luiz Gustavo Prada do SINDUSCON fala da satisfação de participar do programa e alerta que existem 70 mil trabalhadores na área da construção civil e que a perspectiva é a abertura de mais 15 mil vagas nas 380 (trezentos e oitenta) empresas associadas da entidade.
“Historicamente a mulher foi colocada para administrar o lar e em meio a essa situação, muitas vezes com poucos recursos, foi aprendendo a lidar com a escassez. Com isso, desenvolveu habilidades em economia e utilização racional evitando desperdício. Também nas mazelas impostas à mulher nas atividades domésticas, como a costura e o bordado, por exemplo, fez com que as mulheres desenvolvessem habilidades no manuseio fino e delicado. O que foi utilizado para nos subjugar, hoje são os requisitos necessários para diversos setores da economia, como é o caso dos acabamentos das obras da construção civil”, afirmou em sua fala a Secretária Olgamir Amancia.
Ela reafirma o compromisso do Governo do Distrito Federal que aceitou o desafio de lançar políticas públicas para as mulheres, respeitando sua identidade. Olgamir enfatiza a disposição e satisfação da SEMDF em participar dos programas que corroboram para a emancipação das mulheres. “Não há desenvolvimento e emancipação de uma sociedade sem que haja emancipação das mulheres”, finalizou.
Quem participa do Programa Mulheres na Construção
Trata-se de um programa destinado preferencialmente às mulheres maiores de 18 anos, com escolaridade entre a 1ª. e 4ª. série do ensino fundamental. Serão priorizadas as residentes de Samambaia, Recanto das Emas, Ceilândia e Cidade Estrutural. O programa também atingirá as mulheres do entorno, como Santo Antônio do Descoberto, Novo Gama, Valparaíso e Cidade Ocidental. Os cursos de azulejista e pintora de obras serão totalmente gratuitos, onde as estudantes receberão material didático, camiseta do Programa e um conjunto de ferramentas. O “Mulheres na Construção” oferecerá cinco turmas no primeiro semestre de 2012 e seis turmas no segundo. As inscrições estarão abertas entre 1° e 5 de março no Centro de Referência de Atendimento à Mulher (SAIN – sobreloja – Ala Sul – Antiga Rodoferroviária), das 8h às 18h e também na Rodoviária do Plano Piloto (Plataforma Inferior), das 9h às 12h e das 14h às 17h.f
A ação foi integrada pela SEMDF como parte do programa Rede Mulher Trabalhadora. Entre os dias 12 e 15 de março a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres da SEMDF em parceria com diversas entidades de mulheres do DF (Associação de Mulheres do Novo Gama; Associação de Mulheres de Valparaiso; Nação Piauí; Federação de Mulheres do DF e Entorno; ACEAC – Associação Cultural e Esportiva Artes e Cultura; ASTETO – Associação dos sem teto de Samambaia; Cnab – Confederação Nacional Afro Brasileira; Associação das Promotoras Legais Populares de Ceilandia; Lideranças do Riacho Fundo) está realizando a busca ativa de mulheres, para participarem do Programa Mulheres na Construção.
Sônia Corrêa e Cirlene Carvalho
ASCOM | SEMDF