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Ricardo Feltrin: Em duas décadas, Globo perdeu 35% da audiência

O "F5" obteve dados inéditos de audiência da TV aberta no país, o mais extenso período já publicado sobre número de aparelhos ligados (o chamado ''share''). Afinal, o que vale é telespectador na frente da tela. Os dados trazem fatos curiosos: 1º) Na faixa das 7h à 0h, o percentual de TVs ligadas hoje é absolutamente a mesma do início dos anos 90 (40%); 2º).

Por Ricardo Feltrin, no Portal F5*

Desde 1993 a Globo já perdeu pelo menos 35% de participação nas TVs ligadas na Grande São Paulo. Ou 35 em cada 100 aparelhos, que foram sintonizar outra coisa. Veja abaixo, primeiro, a evolução do total de aparelhos ligados em quase duas décadas:

Público sumindo

Agora veja no quadro seguinte, abaixo, o "share" da Globo desde 93. Em números exatos, a Globo perdeu 34,97% da participação no universo de ligadas (de 59,2% em 1993 para 38,5% em 2011). O primeiro trimestre mostra que 2012 também não deve ser redentor: o "share" até agora está em 37,4% (veja arte abaixo).

Outro lado

A Globo respondeu, por meio da CGCom, e discordou dos dados acima e abaixo. A emissora diz não ser possível usar porcentagem para explicar a queda de "share". A emissora também não reconhece o percentual de ligadas em 93:

"Numa conta rápida, 30 pontos de audiência da Globo em 1997 (ano do início da medição PNT) equivaliam a 10.106.038 de domicílios com TV. Em 2011, os mesmos 30 pontos correspondem a 16.280.034 domicílios com TV, um aumento de 61%. Se levarmos isso para os seus gráficos, com números de SP, nossos 19,9 pontos de audiência média (07h às 24h) em 2000 equivaliam a 888 mil domicílios.

Os 16,3 pontos de 2011 a 981 mil domicílios – um aumento de 10% (…) Na tabela de percentual de domicílios com TVs Ligadas, em 1993 temos 43% e não 40% como está indicado no gráfico que você mandou."

Com relação aos pontos de ibope

Todas as emissoras, com exceção da Record, perderam pontos de ibope desde 93. Seguem os números, que não constam das tabelas (agora estou falando de pontos, e não em share, ok? ):

Em 93 o SBT tinha 8 pontos de média e no ano passado teve 5,7 ponto; a Band marcava 2,8 pontos em 93 e no ano passado teve 2,5; a extinta TV Manchete tinha 1,5 ponto em 93, e no ano passado sua sucessora, a RedeTV!, teve 1,4. No início dos anos 90 a TV Cultura tinha 1,9 ponto –o dobro de sua média atual.

O loooongo caminho da liderança…

A Record foi a única que teve muito ganho de ibope e "share" nas últimas décadas. Em 93, a Record tinha 3,7% de participação nas TVs ligadas. No ano passado foi 17%. Em pontos de ibope, porém, a emissora ainda dá menos que a metade da Globo. Em 93 a TV Record tinha apenas 1,5 ponto de audiência e a Globo tinha 23,5 pontos. No ano passado, a Record teve 7,2 pontos (contra 16,3 da Globo). Trata-se de um incremento de 480% para a Record, mas há que se ressaltar que a emissora parou de crescer em pontos em 2008.

Origens da fuga

Há várias possíveis explicações para a queda de "share" da Globo. Por exemplo, em 93 não havia TV paga. Hoje, porém, 25% dos aparelhos ligados estão nela e nos chamados "outros aparelhos". Por outro lado, ainda que a Globo também seja líder na TV paga, esse serviço não atinge nem 10% da população. Outra situação relevante é que, em 1993, havia muito menos canais abertos disponíveis. Ainda que pequeninos, canais em UHF como 21, MTV, Rede Vida, Futura, canais dos Poderes, públicos etc. acabam por "morder" um naco da participação total dos ligados também.

Mais números

Para efeitos de comparação entre mercado publicitário e "share": todo o mercado da publicidade do Brasil movimentou R$ 39 bilhões no ano passado, segundo o projeto Inter-Meios, coordenado pelo grupo Meio & Mensagem em parceria com a PricewaterhouseCoopers.
Desse montante, R$ 18 bilhões foram para a TV aberta e R$ 11,5 bilhões (estimativa) ficaram para a Rede Globo. Comparando: a Globo tem 38,5% de participação nas TVs ligadas em 2011 e recebeu 64% da receita publicitária de toda a TV aberta. Ou cerca de 30% de toda a verba publicitária brasileira.

Pode esquecer, patrão…

Silvio Santos vai ficar na vontade. Embora queira muito, não há nenhuma possibilidade dele tirar Evaristo Costa da Globo. O âncora do "Jornal Hoje" é tido como ''barbada" e apontado nos corredores como o mais provável sucessor de William Bonner no "Jornal Nacional". A chance dele deixar a Globo nos próximos anos, portanto, deve ser menor que 1%.

Fã-clube

De todo o departamento de jornalismo da Rede Globo, Evaristo Costa, 34 anos, casado e pai de Francesca, de 4 meses, é quem mais recebe emails de fãs apaixonadas. E o público de Evaristo é o mais diverso possível: há ninfetas, balzaquianas, românticas, periguetes… até perigóticas vivem mandando sugestões e ofertas de namoro, casamento ou apenas um sexozinho descompromissado… Dificilmente o âncora do "JH" responde.

Por enquanto, só diplomacia

O novo diretor de Jornalismo do SBT, Marcelo Parada, tem ligado pessoalmente para várias estrelas do jornalismo do SBT, com palavras afáveis. Há muita insegurança com sua chegada e ninguém sabe que proporção eventuais mudanças terão. A situação da jornalista Rita Lisauskas, ex-âncora do "RedeTV News", demitida, e que recentemente fora chamada para um período de experiência no "SBT.Repórter", é incerta.

Nepotismo, hein, tigrão?

Não são só os bispos da Igreja Universal que poderão levar suas esposas para a milionária feira de engenharia Nab Show 2012, no próximo mês, em Las Vegas (EUA). Um graduado executivo da Record (que não entende lhufas de engenharia) também vai, com a patroa a tiracolo, e de classe executiva. Ahhhh, nada como uma escapadinha das tensões diárias com o bem-bom de Las Vegas. Melhor ainda é que quem paga são as empresas interessadas em vender seus caríssimos equipamentos de última geração.

Com a crise internacional, a grande aposta dessas megaempresas de tecnologia é no mercado emergente. E a Record é o que se pode chamar de emissora "emergente". Nesta mesma coluna, na próxima semana, mais informações sobre a tour, chamada jocosamente nos corredores da Record como "Fé em Las Vegas Tour".

Vruuuuuuuuum…

Curioso… O "Globo Esporte" da última segunda-feira não emitiu um pio sobre a prova de Fórmula 1, que ocorreu no fim de semana. Uma imagenzinha e olhe lá. Nem parece mais que a F1 é um produto caro, exclusivo e de tradição para a Globo.

Cascatol

Está circulando mais uma teoria conspiratória na internet, a respeito de supostas e grandes mudanças na direção de Jornalismo da Globo que teriam sido "determinadas" (sic) pelo governo Dilma para "calar" e Zzzz… zzzz…… Z…

Hein? ahn?

Quase toda semana surge uma nova teoria conspiratória envolvendo a Globo…

Argh…

Fofocas, novelas mexicanas ou filmes velhos. Eis as três opções dos telespectadores em todas as tardes, na TV aberta.

Overdose

Para quem vê de fora, (leia-se telespectador) a impressão é que Patrícia Abravanel está tendo uma certa superexposição no canal do próprio pai. Assim vai acabar desgastando a própria imagem, e cedo demais.

SOOOOOOBE

Marcelo Adnet e Dani Calabresa

Muito gratificante saber que nem todo mundo da televisão pensa apenas em dinheiro, status e aparecer a qualquer custo (nessa ordem). Eles têm sido assediados e recebido generosíssimas propostas de emissoras concorrentes, mas o casal Marcelo Adnet e Dani Calabresa optou em honrar seu contrato com a MTV. Num mundo tão esganado por dinheiro, esses dois humoristas e artistas merecem nosso respeito e aplausos pelo que hoje já virou uma virtude: manter a palavra (ou contrato).

DEEEEEESCE

Canais pagos sem legendas

Com toda a tecnologia, à disposição é incrível que quase nenhum canal pago o telespectador possa assistir a um programa com áudio original e legendas em português. Muitos até têm essa opção fictícia no menu, mas ela jamais funciona, como ocorre na maioria dos canais HD. E nem vale mais a pena comentar sobre o Sony, o campeão da falta de legendas.

*Ricardo Feltrin é editor e colunista do F5.