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Procurador-geral pede abertura de inquérito sobre jogos ilegais

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou no início desta terça (27) pedido para que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra inquérito para investigar o envolvimento de parlamentares com a exploração ilegal de jogos em Goiás.

O procurador informou que pediu ao STF o desmembramento do inquérito em três frentes. A primeira é apenas para apurar a conduta do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pois, segundo Gurgel, há diversos indícios que indicam ligação do político com pessoas envolvidas na atividade.

Outro inquérito será utilizado para investigar a participação de “dois ou três” deputados no esquema. Gurgel preferiu não dizer a quantidade exata de políticos ou quais são os alvos do Ministério Público. Ele falou apenas que os políticos "vem sendo citados pela imprensa".

A terceira frente é para investigar os demais envolvidos, que não têm prerrogativa de foro e cujos casos devem ser enviados à Justiça Federal em Goiás.

Gurgel informa que os únicos suspeitos com prerrogativa de foro são do Legislativo, mas não citou nomes alegando que o caso tramita sob sigilo. No entanto, confirmou que todos os indícios gravitam em torno do “personagem-chave” Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Quebra de sigilo

O procurador também não entrou em detalhes sobre os pedidos de diligências encaminhados ao STF, deixando dúvidas se pediu ou não a quebra de sigilo bancário de Demóstenes e dos outros envolvidos. No entanto, ele garantiu que não pediu novas prisões. Cachoeira e mais 34 pessoas foram presas no mês passado após a deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Abertura do inquérito

Após críticas, Gurgel voltou a explicar os motivos que retardaram o pedido de abertura de inquérito no STF, já que recebeu as primeiras informações sobre o envolvimento de políticos com Cachoeira ainda em 2009. Segundo o procurador, os dados iniciais eram insuficientes, e os indícios mais robustos chegaram apenas com a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Ele disse que só recebeu o material completo dessas apurações há cerca de duas semanas.

Gurgel também esclareceu que as gravações da operação são de um período recente, quando Demóstenes já não era integrante do Ministério Público. Foram pelo menos dez meses de gravações, e o procurador ressaltou que o material era tão extenso que grande parte ainda não tinha sido degravada pela Polícia Federal.

Questionado sobre a gravidade dos indícios colhidos pelas interceptações telefônicas, Gurgel se limitou a dizer que são “graves o suficiente para pedir a abertura de inquérito no STF”.

Senado

O corregedor-geral do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), definiu nesta terça (27) a situação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) como “preocupante”. Rêgo aguarda que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhe para a corregedoria os indícios que tem sobre o envolvimento de Torres com o jogo do bicho em Goiás. Para ele, o ex-líder do DEM não conseguirá escapar de um julgamento político se o Supremo Tribunal Federal decidir acatar o pedido do procurador-geral e abrir um inquérito para investigá-lo.

Na opinião do corregedor-geral do Senado, embora Demóstenes Torres alegue que os grampos feitos pela Polícia Federal em seu telefone foram ilegais, do ponto de vista político eles podem complicar a situação do senador, se comprovarem as relações próximas do senador com o bicheiro preso na Operação Monte Carlo da Polícia Federal. “A acusação de ordem jurídica perde força e acusação de ordem política ganha força”, disse.

Conselho de ética

Caberá a Vital do Rêgo o encaminhamento de um pedido de abertura de processo no Conselho de Ética do Senado contra Demóstenes Torres se a documentação solicitada à Procuradoria-Geral da República confirmar que o senador recebia dinheiro do jogo do bicho.

Torres foi envolvido no escândalo depois que grampos feitos pela Polícia Federal vazaram para a imprensa e mostraram que o senador falava frequentemente com o bicheiro. Além disso, outras reportagens denunciaram que o senador goiano recebeu presentes e pediu dinheiro a Carlinhos Cachoeira e que mantinha um telefone habilitado nos Estados Unidos para falar com o empresário.

Fonte: Agência Brasil